26/09/2006

Definições

Hoje uma jovem chamou-me 'brejeiro'.
Como sou um Pato e falo pouco português, fui ver ao dicionário ;-)
  • brejeiro: aquele que manifesta, nos ditos ou nos actos, tendências para a malícia, para a obscenidade; maroto, garoto;

  • Maroto? Eu? E garoto também não sou... Quanto à obscenidade...
    Bom, ó filha, o que eu sou mesmo é um grande ordinário! Atina, sim?

    24/09/2006

    Ah, Civilização!

    Apesar de ser um pato já muito humanizado, sinto-me verdadeiramente feliz por ainda ser um animal.
    Pena é que tenham começado pelos cães, mas tenho esperança que os patos alcançarão o seu lugar na vida deste país. Também nós deixaremos de cagar nas ruas, de comer nos lagos e voar perigosamente pelos céus. Também nós teremos direito à cultura patina, à cinematografia e, quiçá, ao estrelato.
    Tal como os cães já têm hotéis, WCs e trelas; tal como têm peças teatrais e musicais; tal como eles deixaremos de ser patos ignorados para sermos escravos desta sociedade supercivilizada.

    Até à próxima,

    Cumprimentos Patinos

    23/09/2006

    O meu precioso


    Saiu esta noite, após ter comido como um animal, esta tarde, num almoço entre amigos.
    É a prova de que os patos convivem socialmente e também se divertem.

    17/09/2006

    Ironia

    As únicas palavras que consigo encontrar para definir o que se anda a passar com a puta da minha vida são as mesmas da Alanis Morissette em 'Ironic':

    An old man turned ninety-eight
    He won the lottery and died the next day
    It's a black fly in your Chardonnay
    It's a death row pardon two minutes too late
    And isn't it ironic...dontcha think

    It's like rain on your wedding day
    It's a free ride when you've already paid
    It's the good advice that you just didn't take
    Who would've thought...it figures

    Mr. Play It Safe was afraid to fly
    He packed his suitcase and kissed his kids goodbye
    He waited his whole damn life to take that flight
    And as the plane crashed down he thought
    "Well isn't this nice..."
    And isn't it ironic...dontcha think

    It's like rain on your wedding day
    It's a free ride when you've already paid
    It's the good advice that you just didn't take
    Who would've thought...it figures

    Well life has a funny way of sneaking up on you
    When you think everything's okay and everything's going right
    And life has a funny way of helping you out when
    You think everything's gone wrong and everything blows up
    In your face

    A traffic jam when you're already late
    A no-smoking sign on your cigarette break
    It's like ten thousand spoons when all you need is a knife
    It's meeting the man of my dreams
    And then meeting his beautiful wife
    And isn't it ironic...dontcha think
    A little too ironic...and yeah I really do think...

    It's like rain on your wedding day
    It's a free ride when you've already paid
    It's the good advice that you just didn't take
    Who would've thought...it figures

    Life has a funny way of sneaking up on you
    Life has a funny, funny way of helping you out
    Helping you out

    Patímetro

    Cada vez me convenço mais de que o que está a dar é ser Pato...
    Estava ontem a ler naquela brilhante, ilustre e isenta publicação semanal que é o Expresso, que dobra as vendas de semana para semana porque, à boa maneira portuguesa, oferece DVDs, que a solução que os vereadores da Câmara de Lisboa (essa grande e inútil instituição de utilidade pública) encontraram para promover o uso do transporte público foi, imagine-se, aumentar o preço dos bilhetes dos parquímetros (ou parcómetros, conforme se refiram ao nome do pai ou da mãe).
    É que já não chegava os filhos da puta dos fiscais (sim, as mães deles trabalham atrás do Técnico) a multarem a torto e a direito, mesmo quando os parcómetros estão avariados, e os cabrões dos Polícias Municipais (que certamente também terão mais pais que mães) a colocar os apêndices amarelos nas rodas dos automóveis... não... a Câmara tinha de arranjar mais uma fontezinha de receitas à conta dos automobilistas, essa espécie nojenta, que emite mais dióxido de carbono para a atmosfera que a cimenteira da Arrábida...
    E mais... poder-se-ia dizer que os transportes públicos em Lisboa são muito bons, mas não... é que se já o Metro apenas circula por baixo das artérias principais, com poucos cruzamentos de Linhas, obrigando um gajo a dar a volta à cidade por baixo da terra para fazer 1500 m, já os autocarros da Carris, têm a particularidade de ser conduzidos por autenticos filhos da puta (como os fiscais da EMEL) e terem uma pontualidade indiana (no mínimo, 30 minutos de atraso); isto quando não chove... Para não falar no cheiro, no ar condicionado desligado e os banquinhos ergonómicos de plástico que magoam até os pentelhos do cú...
    Bom, e temos também os taxistas, essas maravilhosas pessoas que guiam em Lisboa como se estivessem na Savana, contornando leões e ceifando velhotas!
    Enfim, resumindo e concluindo, era só para chamar filhos da puta e cabrões aos fiscais da EMEL, aos Polícias Municipais, aos motoristas da Carris, aos taxistas e aos brilhantes vereadores da Câmara Municipal de Lisboa... e era também para realçar que ser Pato é o que está a dar pois, como conseguimos voar, nunca temos problemas de estacionamento... bom, isto, até que inventem os Patímetros, ou tenhamos de andar com o Imposto de Circulação colado ao bico...

    10/09/2006

    Carta a Deus

    Exmo. Sr. Omnipotente e Omnipresente,

    Quando eu era pequenino disseram-me que o Senhor era meu Pai, mas eu nunca o conheci.
    Eu conheci foi um outro senhor que trabalhava como comercial e que também me disseram ser meu pai.
    À medida que fui crescendo, começei a entender que o Senhor é Pai de todos. Todos somos seus filhos e um dia haveremos de O conhecer.
    Para já, eu gostaria de ter uma ideia mais clara do Senhor, que servirá para estreitarmos as nossas relações no futuro.
    Senhor Deus, Pai, porque é que o Senhor ainda não me disse nada, ou se disse, eu não ouvi?
    Por que é que o Senhor me tem feito passar tantas privações? O Senhor não gosta de mim, ou sou eu que sou filho da puta?
    Pai, o Senhor está sempre presente e pode tudo; então, por que é que me abandonou naquela sexta-feira ou por que não esteve presente?
    Outra coisa. Como é que o Senhor faz para saber tudo? O Senhor está sentado a administrar o Sistema ou a programar o que fará com cada um dos seus filhos? Eu gostava de saber e também gostava que me integrasse na equipa de administração, porque não gosto lá muito de programar... ainda para mais, a vida dos outros.
    Não 'tá sozinho, pois não? Pode contactar-me daqui a uns anos para Lhe renovar a rede, porque isto cá em baixo anda um caos... Espero poder ser-lhe útil e por isso preciso de experiência e certificações.
    Enquanto espero, pode meter-me sabe onde, para me tornar um especialista na matéria.

    Obrigado Senhor Deus.
    Pai, dá lá uma mãozinha.

    Até pode ser que eu O ajude a acabar com as guerras.
    Posso parecer egoísta, mas não sou eu que costumo dar nozes a quem não tem dentes.
    Assim, também podia dar um saquito de milho a um Pato esfomeado.

    Beijos, e até à próxima.

    seu filho, Pato Marques

    08/09/2006

    Apatação

    Nasce um Pato inocente, criativo e curioso e eu pergunto-me para quê...
    Para se tornar um patito cheio de problemas?
    Vêm logo de ínicio, os problemas existenciais. Quem sou eu? Para onde vou? Quem é Deus? Deus existe?
    De seguida vêm as desilusões... Perdi a minha pata! Sou um pato feio! Tenho acne! Para que me serve ser tão inteligente? Enfim, uma infinidade de perguntas sem resposta...
    Vem então o período do pato adolescente. Normalmente, o pato adolescente tende a entrar em grupos ou a isolar-se. Quando se isola é pior, porque se questiona e tem de encontrar as respostas sozinho.
    Farta-se um pato de marrar e às vezes até parte os cornos, mas não deita uma pinga de sangue.
    Depois vem a insegurança relativamente ao futuro. Conseguirei concretizar os meus planos? Nada dá certo na minha vida! Isto é uma puta de vida!
    Já não há tempo! Já não há espaço! Já não há nada!
    Contesta-se, Agita-se, Deprime-se, Adoece-se e com alguma sorte Sobrevive-se para passar a experiência aos mais novos.

    Senta-se na varanda da velha casa e lamenta-se.

    (Comentário de um Pato à Aparição, de Vírgilio Ferreira)

    Coitadinho... coitado... cabrão!

    Quando um pato é novo sonha muito, e é próprio do pato remar contra a maré.
    Quando se cansa pára, e vê os mais fortes partir para alcançarem mais cedo o paraíso que o pato procurava.
    Quando chegar lá, já não haverá espaço para ele. O espaço estará todo ocupado e ele irá morrer só, num canto.
    Mas o Pato pensa... entre morrer lá longe, no Paraíso, entre os mais fortes e morrer só e ignorado, o Pato tem um lampejo de esperança.
    Pode ser que consiga, pode ser que o Deus Pato o proteja com a sua asa... pode ser... pode ser... e então acende uma vela...
    Ah, ah, ah!
    Os Patos morrem de pé, como árvores, já dizia a Avó Amélia...
    E a verdade é que eu sou Pato, e nem depois de morto se livram de mim!

    07/09/2006

    Carta ao Pato

    Exmo. Sr. Pato Marques

    Venho por este meio comunicar-lhe que deve assumir as rédeas do Reino Vosso, visto que estou prestes a retirar-me das lides patinas.
    Sempre gostei de patadas e ultimamente tenho sentido as dores provocadas por uma das muitas 'farpadas' que me espetaram. Esta última estocada obriga-me a afastar do terreiro.
    Vou viver para um pasto verde onde não existam toureiros nem touradas.
    Como Vossa Senhoria sabe, pertenço à Ganadaria dos Silpinos, que é quase tão antiga como a Dinastia dos Telles. Contudo, o meu avô não deixou alternativa senão ser toureada e o meu pai, apesar de ter cuidado das suas bezerras não conseguiu evitar que o seu vitelo entrasse nas lides e o Telles lá continuaram a dar as suas espetadelas em touros e vacas da minha família.
    Tenho esperança que com o meu afastamento os gajos se fodam e se lhes acabe a Dinastia.

    Sem mais, agradeço-Lhe a atenção dispensada e retiro-me,

    Floribella
    (a vaca, claro, que a outra ainda é uma bezerra)