14/05/2007

Finalmente

Lisboa, 18 de Maio de 2007

Já está quase. Chega o dia em que eu, como Pato que sou, abdico de toda a minha insignificância técnico-profissional e vou começar a lamber cús, como licenciado que me torno.
Bom, tecnicamente, não acabo o curso, isso ficará para daqui a um mês ou dois, mas posso já considerar-me alguém... pelo menos neste país merdoso, onde se contam canudos e não personalidades.
Devo dizer que é bastante irónico.
Tipo, logo eu, um pato fodido com as divindades, que tudo de bom me têm trazido, a entrar numa igreja (e logo aquela... A Igreja...) para que um cabrão de um padre me benza as fitas de finalista.
Será deveras interessante...
O que é um facto, é que também vou, porque alguém muito especial fazia questão de me ver, na igreja, de pastinha, juntamente com os outros pinguins, nesta celebração de finalista. Ainda mais divertido é o facto desse alguém não me poder acompanhar. Mas lá estará, algures, a ver ao longe ou, quem sabe, mais próximo do que o que imagino. E logo eu, que não acredito nessas cenas.

É muito agradável ir a uma festa destas (eu disse festa...?) e não levar família. Pelo menos familiares directos, porque se falarmos na família de amigos, esses não faltarão. O que é curioso. Muitos vão levar uma seca brutal durante a missa, mas vão lá estar ao pé do Pato. É que me cheira mesmo que muitos deles têm mais orgulho neste Pato do que alguns dos meus familiares, que nem sequer irão...
Mas lá está. A família ninguém escolhe.

Sim, e claro que sempre posso partir do princípio que os familiares que não poderão estar presentes (aqueles que eram mesmo a minha família) por motivos alheios à minha compreensão do real, da vida e da morte, estarão algures por lá a verem-me.
Bom, a Gansa Reverenda não perderá de certeza. Ter o Pato Marques, que tantas dores de cabeça lhe deu e o Luís de Camões na mesma sala será brutal! Eventualmente, começará a divagar e a analisar os Lusíadas de extremo a extremo mandando pelo meio uma qualquer metáfora acerca da recompensa após um árduo esforço. E, na sua javardice total, associará isso a uma qualquer Tágide que caia de um andar superior da igreja em cima dos cornos deste pato (o que seria pedir muito... antes ainda as patas ganharão dentes).
E tenho a certeza que o Ganso Ishmael, com o seu arpão e a sua coragem na busca pela baleia branca, é capaz de convencer o Ahab a dar por lá um saltinho para ver o ovo que teve de deixar tão pequeno para trás.

E os dois devem estar a rir à grande, porque finalmente, o Pato Marques terminou mais uma das suas aventuras.
Desta feita, uma cruzada que começou há cinco anos atrás e que terminará em breve.
Foi um caminho difícil, que o Pato não percorreu sozinho.
Ou melhor, o Pato começou sozinho, mas rapidamente encontrou um grupo de Merrys, Pipins e Sam Wises que o ajudaram a seguir em frente, mesmo quando a estrada parecia ter acabado.
Juntos, este grupo de animais, superou os obstáculos mais intransponíveis e os punheteiros mais fdps que lhes passaram pela frente.
E continuaram, como uma coorte romana, não deixando ficar ninguém para trás. Os que caiam, eram levantados, os que tentavam desistir, eram incentivados.

E assim se passou metade de uma década, em que tentámos fazer um pouco mais pelas nossas pessoas e pelo Mundo, gerando mais uma fornada de Patos Engenheiros.

Bem sei que estou a usar demasiadas metáforas e private jokes e o mais certo é ter o amigo Pato Afonso (agora também ele um Pato Finalista) à perna a dizer que não digo nada de jeito e que este blog anda fraquiiiinho, fraquiiinho.. :P
Assim, apesar da minha brutal e efectiva alegria, que me arrepia até as zonas púbicas das cavidades mais refundidas do meu ser, despeço-me por hoje com mais um post deprimente e merdoso que não interessa a ninguém.

Despeço-me recordando os demais que este grupo de animais não irá trajado.
Este grupo de animais é o símbolo do pós-laboral, do cansaço e das borgas de marranço a altas horas da noite. Iremos firmes e hirtos, de fato de trabalho e capa de estudante.
Os Patos não seguem a carneirada.
Os Patos fazem o seu próprio caminho e marcam a diferença.

Boas noites e até breve!


1 comentário:

RN disse...

Eu, Pato Afonso, tenho muito orgulho nos escritos e conquistas do meu amigo Pato Marques. E sinto-me sempre muito lisonjeado cada vez que o meu amigo se lembra de me citar.
E, já agora, presto-lhe o meu tributo e agradecimento público por me ter ajudado de forma decisiva a, tal como o amigo Pato Marques, ser um pato finalista.