22/06/2007

Como as coisas são...

Vi um filme.
Bom, de facto, até aqui não há nada de especial neste conteúdo.
Devo até mesmo dizer que não consigo encontrar nenhum tom metafórico envolto na bruma (bonito...).
É daquelas cenas... até estou a falar a sério.
Enfim, devo dizer que eu falo sempre muito a sério. Simplesmente as coisas que digo e a forma como as digo, levam a que muitas vezes pensem que estou a gozar. Note-se que não é um gozar assente num sotaque brasileiro. É um gozar de piada, mesmo. Daquele gozo que rapidamente se transforma em javardice e que só avacalha tudo ao seu redor.
Mas voltando ao cerne da questão.
Vi um filme.
Vi um filme que me foi recomendado por um amigo. Um gajo Zen.
Bem, esses detalhes também não interessam.
Falemos do filme.
O filme chama-se 'O Segredo'. No fundo é mais um estilo de documentário. Daqueles documentários semi-americanos que puxam um bocado para o facilitismo. Realmente, após ver um bacano vestido de roxo, afirmando-se um 'Visionário' e doutorado, era de esperar que a minha língua patina começasse a puxar para a asneira. De facto, consigo até criar muito rapidamente uma ou duas piadas com o assunto. Mas vou manter a minha postura de novo Pato que, qual fénix, renasceu para uma nova vida de Pato.
O filme não é mais do que um documentário de auto-ajuda para aquela malta que leva uma vidinha preocupada, sempre com os cornos virados para baixo, lamentando-se de tudo e de todos e pensando que cada dia irá mesmo ser o último. Não sei o que levou o rapaz a recomendar-me o filme...
Comecei por torcer o nariz.
Estas cenas pseudo-pedagógicas de auto-ajuda nunca foram altamente recomendadas para a minha cabeça de Pato. Normalmente dão-me náuseas e provocam-me fluidez rectal.
Começei então a ver o filme, com a mente semi-aberta. Um bocado naquela onda de bacano enfiado na Caverna de Platão, mas já com alguma vontade de sair. E vai metendo a cabeça de fora e espreita, receoso.
Mas aconteceu então uma coisa surpreendente. Consegui entender o ponto de vista dos gajos do filme.
Esta merda é assustadora porque não sou um Pato muito virado para as cenas Zen... mas posso dizer que a vidinha tem melhorado, razoavelmente, à medida que vou tentando seguir o que os gajos do filme me tentaram passar.
Estupidamente, há uma lógica adjacente que faz todo o sentido. Tudo o que nos acontece de mau, é fruto das ondas negativas que nós atraímos com o nosso pessimismo. No fundo, trata-se tudo de equilibrio. Se pensarmos em coisas boas, atraímos coisas boas; se pensarmos em coisas más, atraímos coisas más. O problema é que, ao acontecerem-nos coisas más, tendemos a pensar ainda mais negativamente, o que gerará um ciclo vicioso de ondas negativas e nos leva para situações ainda piores. Assim, tentei, timidamente, começar a pensar em cenas mais agradáveis. E em apenas um fim-de-semana de 'cura' (a adicionar às três semanas de jejum de asneirada) devo dizer que as boas notícias vão chegando. Pingando, mas vão chegando.
Estou a começar a adoptar esta lógica em full-time.
Já não me queixo tanto.
Embora ainda tenda a engolir alguns problemas, que me deixam um bocado para o calado durante todo o dia, ao menos não me queixo. E tenho notado efectivas melhorias.
Penso que o passo seguinte deverá ser deixar a atitude deprimente que normalmente coloco à volta da minha pessoa.
Afinal, não é o andar calado e a matraquear sempre a mesma tecla nos meus cornos que vão fazer a minha vida mudar. As pessoas não renascem por eu andar cabisbaixo. Não encontro o que perdi por andar calado. Não me tornarei um tipo altamente interessante para o sexo oposto por andar a queixar-me. Um Pato é o que é e deve parar de chorar o passado; pelo contrário, o que é preciso é tentar levantar voo o quanto antes, olhando do alto para o futuro.
Estou assustado.
Espero não estar a ser também excessivamente optimista.
O espírito é um gajo manter-se saudavelmente equilibrado.
Façamos então por isso.

Cumprimentos patinos!

1 comentário:

Helder Soares disse...

Sim senhor, quem diria que este post foi escrito pelo mesmo pato que anda aqui a mandar patacuadas a mais de um ano :) hehehhe grande abraço. Helder Soares.