13/06/2007

//Meter aqui o título

Ora boas!

Quero ver se despacho esta merda antes que me começem a martelar os cornos porque tenho a luz acesa, ou porque estou a teclar, ou até mesmo, quem sabe, porque estou vivo.
Sim, porque isto das cenas de vida ou de morte é muito relativa. O que para uns é aceitável, para outros é uma injustiça e para outros ainda é uma forma de ficar com os corninhos todos queimados.
Bom, mas isto para continuar a onda das merdas deprimentes - sim porque muito antes dos gatitos terem descoberto a arca dos tesourinhos deprimentes, já andava por aí um Pato que sabia ser efectivamente deprimente - aí vem o post de hoje.

Dizem que cada ovo que cai na terra tem uma missão.
Há ovos que se tornam doutores, ovos que se tornam engenheiros, ovos que apodrecem, ovos que se tornam belos cisnes, ovos que ficam na merda, ovos que conseguem tudo na vida, ovos que nascem para vencer, ovos que nascem apenas para ser mais um ovo nesta imensidão de lama que é a vida de um Pato.
Há os ovos que encontram o seu lugar entre os ovos; há os ovos que mantém uma incessante busca pelo tudo e pelo nada, nunca encontrando o seu lugar.
Há os ovos que nascem para ser felizes e ter uma vidinha de gema razoavelmente aceitável; há os ovos que por mais que tentem não conseguem encontrar a felicidade, pois a mesma parece ser pouco espessa e altamente fluida, escapando-se assim pelo intervalo das membranas da barbatana.
Chegando a este ponto de constatações infelizes, em que metade dos meus leitores - ah! até parece que tenho muitos - já está a vomitar compulsivamente o jantar do dia seguinte, urge fazer a questão: Mas este gajo está a falar de quê???
É uma questão deveras interessante e creio que devemos até mantê-la numa filosófica ponderação do real.
Um gajo não curte muito dar imagens de coitadinho pelo que nem vou tentar fazer grande sentido, ligando a minha vidinha às várias metáforas de ovos - que já estão a dar uma gemada do caralho - que se encontram umas linhas acima.
Fiquemos por aqui. A malta não percebe o que escrevo, pelo que está tudo na maior. De facto, nem eu percebo muito bem o que escrevo. Acredito que se tratam de induções psicotrópicas induzidas pelas radiações electromagnéticas que me rodeiam - olha ali um pato cor-de-rosa!

Mas um pato acorda de manhã e, em pensamento, porque é feio dizer palavrões, manda um belo 'foda-se' que ecoa em toda a sua consciência.
E depois um gajo inicia o seu dia, tendo em conta que vai ser mais um dia da sua sobrevivência e afirmação patina. E um gajo olha para o lado e, ainda com o despertador semi-arrotado na sua visão periférica, pensa nos centímetros que lhe restam entre a sua carne e o fim da cama, e em como ficaria ali bem qualquer coisita fofa. Ya, isso mesmo, uma almofada... lá está... 'foda-se'!
E um gajo levanta-se e começa logo a ouvir as merdas de que se levanta cedo e que não deixa ninguém dormir e o caralho que foda tudo. É... dizem que o dinheiro cresce nas árvores... e eu estou a poupar para ver se compro umas sementes... E, subitamente, a sua perspectiva mental do 'foda-se' começa a alterar-se para um técnico 'que se foda' porque, afinal, a ordem ainda continua a ser tudo.
E entramos na rotina do casa-carro-parque-trabalho-restaurante-trabalho-parque-carro-foda-se...
E assim se passa um dia, tentando provar à humanidade que somos úteis, mesmo que seja na mais inútil das profissões. Devo dizer que é altamente fodido um gajo ter noção que trabalha para um dos sectores que mais injustiça social gera no mundo. Mas enfim, tal como a família, também não escolhemos o trabalho... é o que aparece... Sim, porque os empregos a malta até escolhe; os trabalhos é que é mais complicado.
E depois vem a parte divertida, em que um gajo até se oferece para ser explorado num feriado - por favor, tirem-me de casa!!! - mas descobre que não pode... sim, porque a exploração só pode ser feita aos dias úteis e com os bosses por perto; aos dias santos, népias! Vá-se lá saber... até fiquei a pensar como seria possível que num estado laico como o nosso, não quisessem que um gajo trabalhasse no dia de Sto. António - calculei logo que fosse temor a ofender o Senhor... Mas não, era o Senhor, sim, mas de outro lado...
Mas para terminar o dia em grande, e como castigo divino por ter escolhido nascer num cabrão de um bairro histórico da cidade, eia! em grande! Uma hora para percorrer 3 quilómetros e mais hora e meia para arranjar um fdp de um lugar para o carro. E tudo porque é véspera de Sto. António... Depois de duas horas e meia à procura de lugar decidi - riam-se, que agora tem piada - voltar ao local de trabalho para arrumar o carro... felizmente, deu-me na cabeça de passar primeiro no cemitério da zona (estou a falar muito a sério, não é gozo) à procura de lugar. Tive sorte... afinal os habitantes da zona têm lugares reservados mas não conduzem... eventualmente por estarem na sua grande maioria, mortos. Literalmente!
E pronto, foi só voltar o caminho todo de volta para trás, a pé, com um transportável às costas... E isso é o menos. Mau foi aturar a festarola, a cerveja, o vinho, os pimentos, as sardinhas e o bailarico ao longo de todo o caminho. Não, não foi assim tão mau. Minto. Mau, é aturar os parzinhos enamorados a atrapalharem o caminho, gozando o Sto. António Casamenteiro, enquanto afiambram valentes desentupidores traqueais. Coitadas das sardinhas...
E um gajo entra em casa e descobre que afinal o rotor ficou a funcionar, pelo que o disco continua tocar, massacrando os cornos a um gajo até o cérebro se tornar numa pasta pseudo-viscosa que tende a sair por todos os orifícios corporais - ya, esse também.
E, finalmente, após ter os cornos feitos merda, fazer o jantar, lavar-se - tudo isto ao som da Sinfonia - e ver a merda da matéria que tem de estudar para a frequência que se avizinha, termina o seu dia, rotineiro, a gerar código ASCII no seu terminal inteligente.
E, uma vez mais, pensa, porque é feio dizer palavrões - 'foda-se' - e prepara-se para mais um dia.

Fecha-se a playlist (pena, hoje até estava a gostar de ouvir os Queen...), shut down ao portátil...
Uma leve emissão de fluidos renais escoa pelo fundo da retrete, a habitual coçadela nos jardins suspensos e um pato deita-se. Mira o despertador com a sua visão periférica... sozinho, como sempre, no seu ninho.
Ah! E para os que estariam a perguntar-se, não, não fui ao Sto. António. Farto de saltos em fogueiras já estou eu... as penas chamuscam. E também não morro de amores por surpresas.

Impossível deixar de pensar nos ovos que nascem com a ponta virada para a Lua. Ou nas galinhas que viram o cú para a Lua. Já não sei. Foda-se.

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