03/05/2009

novelas

Nunca percebi por que motivo as telenovelas da TVI têm sempre nomes de músicas. E logo portuguesas.
Presumo que deva haver um gajo qualquer que é pago para examinar os nomes de músicas portuguesas e depois escolhem aleatoriamente consoante os argumentos vão chegando.
Estava capaz de apostar que após uma noite de orgia e cannabis, há um deles que pega num chapéu com os papelinhos com os nomes das músicas e atira aquela merda ao ar.
"Ok, o que cair no azulejo cor-de-rosa com elefantes é o nome da próxima novela..."
Francamente, espero que não cheguemos ao "Gato da Dona Maroca" ou então ao "Deixei tudo por ela". Embora este último fosse brutal, com a interpretação do Zé Cabra logo no genérico...
Começo a acreditar que o tempo de publicidade na televisão se trata de uma conspiração articulada entre os canais abertos e os pagos, para controlarem a minha bexiga e os meus intestinos. Não há volta a dar. Quando passa publicidade no AXN, está também a dar publicidade na SIC, na TVI, onde quer que os raios os partam...
Recuso-me a fazer a mijinha nesse momento. Considerando que a uretra é minha, acho que tenho o direito de gerir a rotina da micção. E prefiro cagar no genérico do House que na publicidade da Peugeot.
Lembro-me de um dos programas mais deprimentes de sempre, o Big Show Sic, em que o João Baião e o Macaco Adriano tentavam convencer a malta a ir mijar quando eles queriam...
"Então vá, D. Clotilde! Vá agora fazer o seu xixizinho!"
A ver... a mim ninguém me manda mijar! É das poucas coisas que ainda sou eu a controlar!
Agora que penso nisso, pergunto-me o que será feito do Macaco... deve ser triste, dizer a alguém que a sua segunda profissão é correr aos sábados vestido de macaco. Bem, mas considerando que a restante fatia da população corre durante a semana como macacos a mando de alguém... bem, nem parece assim tão mau. Ao menos o cromo (ou croma...) fazia-o apenas no fim-de-semana.
Ainda não consegui perceber bem os meus almoços em família.
Ao fim de 22 anos, a minha avó olha para mim e chora, como se se tratasse de um filme italiano de fraca qualidade. Foda-se, eu sei que não sou bonito, mas também não é preciso começar a chorar assim... Eu prometo que vou lá menos vezes e lhe poupo o choque, mas poupem-me ao saco lacrimal.
Depois os meus tios são uma espécie de documentário britânico. O que quer que se diga naquela mesa, culmina tudo em "há estudos que indicam...".
Bom, e o meu progenitor vivo... muitas das vezes acho que nem ele mesmo sabe do que está a falar. Lembra-me o Capitão Jack Sparrow, quando está a flipar...
Poderei estar a ser mauzinho. Acho que por muito mau que isto seja, sempre posso chegar ao fim do dia e dizer que a bem ou a mal ainda tenho família algures. Mesmo que acabe sozinho na casa e acorde a meio da noite no mais profundo dos silêncios, sem ninguém do lado de lá da parede, na cozinha ou casa de banho. Os ruídos nocturnos fazem-me acordar e arrepiam-me, precisamente porque não é suposto haver mais nenhum ser-vivo neste quadrado.
O estalar das madeiras, o vento a forçar as janelas e o próprio alumínio do lava-loiças a contorcer-se com o frio, fazem uma orquestra nocturna de ir às lágrimas.
Há uns anos, levantava-me a meio da noite procurando não acordar ninguém. Agora podia fazer ter um ataque de peidos que não chateava ninguém.
Creio que o lado positivo disto é poder andar à procura de leite no frigorífico completamente nú.

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