Quando menos esperamos, nos momentos mais inoportunos e incoerentes, descobrimos verdadeiros patos onde menor seria a probabilidade de os encontrar.
Naquela manhã olhei e vi um grupo de pessoas. Reparem que não estou a tentar ser simpático, pelo contrário... para mim, os verdadeiros seres humanos são patos e não pessoas.
Achei que era um grupo extremamente estranho. Recordo-me exactamente a posição que cada um deles tomava, como que esperando para ceifar um jovem pato acabado de chegar. Afinal, abandonaram o seu ninho privativo onde javardavam à vontade, por causa da minha chegada.
À direita, um grupo muito simpático. Uma jovem despenteada e calada e o sul-americano mais careca que o mundo já viu. Pouco falavam, absorvidos atrás do seu material de trabalho. À esquerda, um grupo animado. Um morcão com um humor de cão e o gajo mais picuinhas que já vi, tentando descascar qualquer afirmação até ao seu mais profundo significado. Em frente a estes dois, o tipo mais relaxado que já vi - com o tique peculiar do 'olá, tudo bem?' e o puto mais falador que me passou pela frente em toda a minha curta existência. Ao fundo, controlando as hostes, um gajo muito calmo e com humor variável. Este último, deu-me o meu primeiro contacto com a área... um manual técnico que fiz questão de ler 4 vezes em cerca de 12 horas.
Pensei que estava desgraçado... como sobreviver ali?
Para dizer a verdade, não era mau de todo... em tão grande grupo de animais, aqueles sete eram mais tipo macacos... naquela onda do levar tudo no gozo...
Enfim, mas encurtando a história, senão o post torna-se gigantesco...
Todos eles ascenderam, na minha opinião de emissário da Patolândia, à condição de patos honorários, privilégio ambicionado por muitos e conseguido por poucos.
Até ao momento, contava apenas com 15 patos e patas dignos de receber tal título. Vi-me obrigado a alargar o espectro para acolher mais 7.
Então vamos lá.
A jovem despenteada, foi talvez por força das minhas desventuras patinas a primeira a ascender à sua condição de pata. De facto, mostrou uma paciência inigualável para me obrigar a falar dos meus problemas (é difícil, garanto... normalmente só os escrevo) e ainda mais paciência para me aturar. Para além de excelente conselheira (e uma chata do caraças também...) esteve sempre disponível. Isto já sem contar com o tempo perdido a tentar ensinar-me os princípios básicos do que foram as minhas funções na maior parte do tempo.
O sul-americano afinal até é um gajo porreiro.
Sempre pronto a escutar e, quem diria, até frequenta o mesmo super-mercado que eu.
Já mesmo no final da história, ainda fomos várias vezes às compras de final de dia, falando da vida. Só para que conste, embora a conversa possa induzir em erro, não pegamos de empurrão.
De facto, é um óptimo ouvinte e um excelente amigo. Só é pena o sotaque... De resto, o que aprendi acerca do mundo verde, foi com ele.
Devo dizer que o morcão seria o último gajo com quem se esperaria travar amizade.
Antipático desde o primeiro dia, foram precisas duas semanas para conseguir fazer o tipo rir... curiosamente, apesar daquela pancada pela salsa, os coentros não disseram nada.
Aquela cena de ter lã é que é mais estranha. Fartei-me de lhe dizer. Puto, és um gajo excelente - pudera, com esse signo, só podia - e podes sempre contar comigo... Epa, mas o banho é uma cena importante ;) O Pinguim agradece o recrutamento que fizeste de mais um pato...
O lobo mau é um gajo picuinhas mas com paciência inigualável.
Quer durante os intervalos do café, quer ao final do dia frente a uma caneca de chocolate quente. Pensar que poderia estar com uma qualquer Capuchinho Vermelho... mas não, foi-me aturar. Altamente! Ok, tem aquele problema do separar os alimentos no prato, agrupando-os por secções (e eu é que tenho pancada)... fora isso, vou ter muitas saudades (snif!). Isto e as letras, o html, o asp e até aquela tentativa de php (que no final se traduziu apenas numa fácil abordagem a uma css).
E ainda temos o gajo mais calmo do mundo que, já agora e permitindo-me a correcção, afinal não é zen. Porque o ser zen não existe e porque é uma forma de agressividade e tal... como queiras. O que interessa é que é uma excelente pessoa e um amigo que tentou sempre mostrar-me o lado positivo das coisas. Não vou fazer piadas relativamente aos vegetais, nem em relação à carne. Já ultrapassámos isso. No meu novo mundo, vou tentar seguir a tua abordagem do 'Olá, tudo bem'... ou não... Os 'paramédicos' são mesmo só com ele, o Homem que os domina :D
Em relação ao mais recente enforcado, o que dizer... Há malta que gosta de se enforcar e partilhar as tarefas domésticas. (chegará o meu dia...) Descobri um gajo que é como eu. Pensei que era só eu, mas afinal eles andam por aí. E depois apesar de ser um grande melga é um excelente pro. Cromo, como os melhores. Das poucas vezes que falámos sozinhos, surpreendeu-me sempre. Ah, e cumprimentos à Nina (miúda porreira)... tivesse eu 4 patas e ias ver...
Bom, e depois temos o último.
Um gajo a quem dei um desgosto tremendo. Não creio que haja muito a dizer. Não porque efectivamente não se deva dizer nada, mas porque sou eu que não me consigo expressar.
Três coisas apenas. 1) É um pato que não se deve culpar pelas escolhas de outro pato. Foi uma decisão inteiramente minha; 2) Também me sinto um bocado como um filho que abandonou a casa... Mas os pais devem convencer-se que mais tarde ou mais cedo, os putos têm de tomar decisões que podem mudar a sua vida; 3) A respeito daqueles almoços durante a formação... sim, tenho um grande caixote de lixo...
Bom, no meio de tanta alarvidade (detesto falar do que sinto, por isso esta história pode soar um bocado a parvoíce patina) creio que resumi o essencial.
Espero que não seja o fim de uma boa amizade, mas o início de uma nova história que se poderá contar aos netos. Claro que vocês terão de contar primeiro... afinal o puto sou eu... Pergunto-me apenas como poderão agora sobreviver sem os 'pops' a meio do dia ou sem a famosa afirmação do 'hum, há melhor...'.
Felizmente, no espaço de um ano consegui ensinar alguns pupilos que farão esse trabalho na perfeição. Lamento apenas o facto de terem, graças a mim, perdido a pouca sanidade mental que vos restava... Ainda me vinham a falar em seguros de saúde... Não sabem com quem se meteram.
Grandes Abraços Patinos e um Muito Obrigado,
Pato Marques
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