23/04/2009

amo-te Teresa

Quem não se lembra do filme em que uma professora mantinha uma relação proibida com um jovem inocente?
De facto, estava aqui a lembrar-me do filme, e nem sequer era pelo argumento, mas pelo nome em si.
Esta manhã, reparei que alguma pequena - ou um pequeno, não estamos aqui para julgar ninguém - escreveu discretamente no banco mais recuado do autocarro qualquer coisa como "amo-te David".
Bem, toda esta questão me levantou algumas dúvidas. A primeira, e mais óbvia, seria "Quem é o David?". Pois a modos que também não sei. Davids há muitos, conheço poucos, e em nenhum deles me parece que as namoradas (ou não) lhes deixassem mensagens no autocarro.
Partamos do princípio que ela não iria com ele. Sim, porque seria uma grande cretinice da parte dele, se ela logo ali ao lado lhe escrevesse no banco, para o mundo saber, "amo-te David" e ele não deixasse no banco seguinte qualquer coisa como "amo-te Maria", "Francisca" ou o que quer que fosse.
Assim, assumiremos que ela estaria acompanhada pelas amigas, largando o marcador ao mundo num jeito de desafio ou então sozinha, transpondo os seus sentimentos para um pequeno banco já semi-riscado.
Em qualquer dos casos, é necessária alguma coragem. Isto por um motivo muito simples: é que é preciso acreditar muito - mas mesmo muito - que o facto de andar a lixar bancos de autocarro vá resolver alguma coisa.
Começa logo com o facto de não se saber ao certo se o David anda ou não de autocarro. E mesmo que ande, considerando que andará sempre em hora de ponta (à saída do trabalho ou das aulas), as hipóteses reais de conseguir sentar-se - em particular naquele banco - serâo mínimas. E mesmo tendo ela (ou ele), tendo o esforço e convicção de deixar até o apelido do tal David, não creio que se por algum motivo o gajo se sentasse ali, desse conta que se referiam a ele. Eventualmente, a primeira reacção seria... nenhuma. Acho que mais facilmente olhamos para a janela que para o banco. Bem, mas eu olhei, também é verdade. Infelizmente, o nosso amigo David ficaria na mesma. Se a ideia era uma declaração anónima, resultou muito bem. Dificilmente o rapaz a irá ver e, mais divertido ainda, na eventualidade de a ver, nunca saberá o nome da autora.
Isto gera automaticamente um problema para o David - que nunca saberá - e para a sua admiradora, que cairá na condição associada a uma paixão platónica ou algo semelhante.
Ignorando todos e quaisquer motivos que a tenham levado a tal, pergunto-me se, com toda a capacidade de investigação que a levou a escrever tal coisa naquela carreira específica, e sabendo até o nome e apelido do rapaz, seria assim tão complicado arranjar o número de telemóvel dele... no fabuloso mundo das novas tecnologias, talvez fosse mais fácil mandar-lhe uma sms. Um telefonema também não caía mal. Ou então, numa visão mais romântica e conservadora da coisa, um bilhete perfumado. Com sorte, o David teria jeito para a coisa, como o Al Pacino no 'Perfume de Mulher', e conseguiria identificar a autora apenas pelo aroma das suas palavras.
Ou então estou enganado e as palavras mágicas no banco do 30 fariam todo o sentido, contrariamente a este post que, nessa condição, acabou de perder todo o significado.
Nesse caso, em vez de um 'Perfume de Mulher' teríamos certamente um "As palavras que nunca te direi".

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