A private joke do título, que parece mesmo uma private joke, acaba por não o ser porque o post refere-se mesmo a escuridão.
Ora, escuridão, obscuridade, anda tudo na mesma zona. Simplesmente, receei que se escrevesse 'escuridão', ainda associassem a 'obscuridade' pelo que decidi 'clarificar', dizendo que não era 'obscuro'.
(estou de facto a provocar, e depois ainda me queixo... quem anda à chuva molha-se; vamos a ver se passa)
São agora 23.41 e está um calor infernal.
Imagino como estarão os distritos que hoje levaram com o alerta amarelo (ou laranja, tanto faz) da Protecção Civil. O que é um facto, é que é de noite na Lisboa Patina e está efectivamente muito quente.
Aliás, vou-me corrigir. Não está calor, como referi acima, mas sim quente. Isto até há uma explicação física que prova o que estou a dizer, mas agora não estou para aí virado.
Ora, ia eu então no 'quente'.
Em frente à janela do meu quarto, fica um candeeiro de rua.
Não é um candeeiro moderno, mas também não é um daqueles com quem o Vasco Santana falava. Uma coisa é certa. É um candeeiro que tem mais de 23 anos e nunca foi substituído. É um candeeiro simpático, pintado de verde escuro e cuja redoma de vidro é uma espécie de gota de água gorducha. Todas as noites, emite uma ténue luz amarelada que ilumina pouco mais que uns metros ao seu redor.
O candeeiro é um gajo porreiro. Ouve muito e fala pouco. É um gajo a quem podemos contar um segredo, porque sabemos que não o vai revelar a ninguém.
Hoje, o candeeiro está apagado.
Ninguém sabe bem porquê. Eventualmente, algum problema com a lâmpada que ainda não foi substituída. Hoje, não consigo ver os pequenos insectos que costumam sobrevoar a lâmpada.
Na janela, contudo, conseguem-se ver cenas muito porreiras.
É Lua Cheia, na cidade de Lisboa.
Muito provavelmente, será Lua Cheia em muitas outras cidades... Mas esta é a minha e, como tal, sinto-me no direito de pensar estupidamente que tenho a Lua Cheia só para mim, só na minha janela, só na minha cidade.
À luz da Conselheira Lua Cheia, emitindo uns pálidos raios luminosos sobre a minha rua, consigo ver a malta nas varandas. Da minha posição privilegiada, consigo ver toda a gente, sem que me vejam a mim. Ah, já agora, não estou armado em mirone... está é quente para burro e tenho a janela aberta.
Mas é engraçado conseguir-se ver a cidade (ok, ok, pelo menos a rua) em toda a sua obscuridade.
A escuridão, tem uma clareza que só conseguimos alcançar quando está de facto escuro.
E ao longe, a umas poucas centenas de metros, ainda se consegue alcançar a iluminação exterior do Panteão Nacional que, por acaso, está iluminado.
E apercebo-me agora como sou tão distraído.
Afinal não é só o candeeiro que está apagado. Toda a rua está sem luz. Todo este sector encontra-se apagado. Daí, conseguir ver tão bem a Lua e o Panteão.
E, subitamente, enquanto partilhava este poético momento, fez-se luz... ou quase...
O sector voltou a ter luz, a Lua já não está na minha janela... O facto da Terra se mexer tem destas coisas, pelo que calculo que Ela já se encontre no meu telhado. Caiu por terra o post, assim como a foto que ia agora tirar à janela para ilustrar a história.
Bom, se serve de consolo, a luz voltou à rua, mas o candeeiro que está em frente à minha janela continua apagado.
Boa noite!
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