Hoje inicia-se oficialmente o meu Natal.
Desde puto que monto a árvore sempre no dia 8, porque era também o antigo Dia da Mãe.
Isto pode até nem fazer grande sentido mas, apesar de ser deprimente andar a montar uma árvore que sou obrigado a ver todas as noites e ainda levar com as recordações que esta merda origina, acabo a montar isto, não para mim, mas para a Mãe. É positivo, no seu todo.
O Natal traz-me sempre o meu espírito mais profundo do Natal ser quando o Homem quiser.
Se isto já é assim nos dias que correm, não quero sequer imaginar em vários períodos ao longo do ano.
Bom, não me interpretem mal. Adoro o Natal.
Só odeio o meu, de há alguns anos para cá. Mas isso são detalhes.
Depois há toda a problemática do Natal politicamente correcto. Eu não queria ser desmancha-prazeres, mas de facto, preferia fazer a festa com outra pessoa. Mas lá está, ando a ver se ganho o meu lugar no Céu ou coisa que o valhe.
As televisões também já substituiram o logotipo ranhoso por um logotipo que dá a imagem de que já é Natal. É tãaaaaao agradável e fofo ver as bolinhas de Natal a boiar no canto superior esquerdo do ecrã...
É isso e o Natal do Hospitais. Há muito tempo que não vejo isso, mas recordo-me quando era puto e me sentava no chão da cozinha a ver, abismado, os desgraçados que estão no hospital, muitos deles desmembrados ou em cadeiras de rodas, enquanto um cabrão qualquer no palco gritava para eles meterem as mãos no ar e saltarem. Parece-me a mim que é muita filha da putice.
E bom, como é Natal, de repente toda a malta na rua vem com acções de caridade. Yah, é que os sem-abrigo só têm frio no Natal, os pobres também só passam fome por esta altura, e os putos abandonados só precisam de uma família por estes dias. O que vale é que daqui a umas semanas voltamos para as sombras e os gajos que se fodam.
Já o meu vizinho psicótico que se esconde atrás do meu carro para me dar as boas noites e fazer-me borrar o almoço nas cuecas, é bem mais coerente. Passa o ano a pedir-me dinheiro para o café que vai beber com os amigos imaginários, num café também ele imaginário (na volta nem ele existe e o louco sou eu)... mas chega a 1 de Dezembro e pára. Está certamente a guardar-se para Janeiro.
O que me lixa também nesta merda é que de uma forma ou de outra, não passarei o Natal sozinho em casa... seria demasiado estúpido, embora não negue que me apetecia; mas isso implica que não poderei dedicar a tarde da Véspera (yah, porque de manhã trabalha-se... mundos imperfeitos e mal-pagos) a preparar o bacalhau, as couves, os meus pratos habituais para esse dia, e a fazer as fatias douradas e essas cenas todas.
Epa, gosto mesmo de cozinhar. Gosto ainda mais que de chocolate, e agora que deveria ter todo o tempo do mundo para fazer essas coisas descansado (contrariamente aos outros anos), trufas: tiram-me de casa.
Prometo que levo um cozinhado qualquer... isso ou passo-me.
A noite já vai longa, a merda do derrame ocular ainda não desapareceu e amanhã é dia de trabalho.
Apenas dois últimos pensamentos.
Versão A: lembram-se da "Minha Agenda"? Aquilo era uma música mesmo nojenta e depois passava a Mafaldinha a cantar... "Pai Natal, este ano, eu queroooo que sejaaaa... | a Minha Agenda, a Minha Agenda" e depois faziam um compasso de espera, porque sem isso perder-se-ia a magia de tudo e largavam o acorde final: "...de 99". Disse 99 como poderia dizer outro ano qualquer, mas o facto é que cantavam sempre o ano seguinte. Perguntava-me se não teria piada a fazer uma musiquinha para meter aqui: "Pai Natal, seu cabrão, eu quero que vás... levar no rabo, levar no rabo (espera... espera... espera...) em 2009!"
Versão B: Não tem nada a ver com o Natal... mas os anões, quando vão à farmácia... tipo, os médicos receitam-lhes a dose de adulto ou de criança?
Bons sonhos. Feliz Natal.
1 comentário:
Meu amigo,
O meu convite continua válido. Mas é para aceitar somente se isso corresponder à sua vontade e lhe der algum prazer.
Um abraço!
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