24/06/2009

comentários

Já repararam na expressão "sem comentários?".
Não é curiosa? Estamos sempre a levar com o 'sem comentários', quer seja escrito ou oralmente. Até há uma cena no Euronews com o mesmo nome.
Mas o facto é que não faz qualquer tipo de sentido. Por que dizemos 'sem comentários' quando o que se pretende efectivamente é não fazer qualquer tipo de comentário? No fundo, só o dizemos porque queremos efectivamente comentar algum tipo de acontecimento ou situação que por diversos motivos não desejamos que fique refundida nas profundezas do nosso ser.
Na realidade, se não fosse a nossa ideia tecer qualquer tipo de comentário, nunca diríamos 'sem comentários'. É como aquela brilhante do "o que te devia dizer sei eu; mas não digo."
Epa, sem comentários.
As praias portuguesas andam cada vez mais sujas.
No outro dia vi um cagalhão a boiar na praia. Pelo menos era bem preto. E as pernas e braços que ele tentava dissimular, os óculos de mergulho e o sotaque acentuado não enganavam ninguém. Era um cagalhão mergulhador. Os risinhos e a vozinha eram apenas um pretexto para se poder confundir com um qualquer ser-humano de tonalidade mais escura.
Eu assustei-me. Mergulhei e, quando vim à superfície lá estava ele. "Foda-se, um cagalhão".
De facto, ocorreu-me que um dia a terra será inundada pelos oceanos, todos morrerão, a vida deixará de existir, mas aquele gajo sobreviverá… porque a merda boia.
Häagen-Dazs. O gelado até é porreiro, não é?
Mas alguém me explica por que raio os nomes estão sempre escritos em inglês? Não podemos considerar que o Lemon Sorbet é simplesmente a porra de um sorvete de limão? Ou que o Nut Caramel and Cappucinno Icecream seja simplesmente um geladinho de caramelo e nozes com um toque a café?
Essa merda desvirtua toda a nossa individualidade terceiro-mundista que nos obriga a puxar pela língua e a tentar dizer o nome da merda dos gelados como se já tivéssemos a língua dormente do mesmo.
Entre outras coisas, estava para aqui a pensar nas Legislativas. Epa, li algures uma coisa linda.
"A diferença entre Portugal e a República Checa é que esta tem o Governo em Praga e Portugal tem a praga no Governo".
Mas praga?? Foda-se! Peste! Portugal tem a peste no Governo! As ratazanas que habitam por S.Bento assemelham-se bastante aos seres predatórios e peludos que vagueiam incansavelmente pelos recantos mais obscuros do Convento de Mafra.
O mal das pestes é serem estupidamente resistentes aos venenos existentes. Proponho a incineração colectiva. Depois transformamos isto num kibbutz pseudo-israelita com uns aromas de Palestina e mandamos a economia mundial às couves e urtigas. Literalmente.
Estou muito contente. A sério. Não, mesmo, podem acreditar.
Trabalhar numa empresa com origens nortenhas é do melhor.
Quando os dias não correm bem, podemos mandar toda a gente para o caralho que ninguém se chateia. Aliás, passam o dia a fazer-me o mesmo. A reciprocidade é algo místico e genial.
Eu cago, tu cagas.
Eu grito, tu gritas.
Eu mando-te para o caralho... e tu fazes o mesmo.
Brilhante!
Se pudesse passaria os dias a jogar ao jogo que fazíamos na quarta classe.
"Tás tu"
"Não, tu é que tás"
"Não, tu é que tás"
"Não, tu"
(...)

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