16/06/2009

snake

E quando eu pensava que nunca mais iria ser afectado pela mesma doença, quando eu julgava que já me tinha passado o vício e que era um pato novo... quando eu julgava que não iria cometer os mesmos erros, eis que me atiram com aquela fabulosa peça de arte denominada 'telemóvel da empresa'. Mas isso não é grave... chato é darem-me um modelo daqueles Nokias marados, bastante semelhante ao primeiro ou segundo telemóvel que tive... daqueles que quando vamos à tentação de ver o que anda na secção dos jogos, encontramos o mítico Snake.
Porra. Pensamento básico: "Ena, o Snake.! Há tanto tempo; deixa ver se ainda sei jogar..."
Pois. Acabo de voltar aos meus tempos de qualquer coisa, em que me enfiava todos os dias na casa de banho durante 10 min para tentar passar mais um nível.
Há qualquer coisa de hipnótico na merda da serpente, que anda para cima e para baixo, controlada estupidamente pelas teclazinhas dos números pares, a comer algo ainda mais estranho. E o carácter discriminatório do Snake, claramente homofóbico, em que a serpente não pode comer o rabo, transporta-nos para uma realidade paralela em que nos encontramos na casa de banho a gritar "Putaaaanheiro! Vá! Come a merda da bolinha!!!" enquanto os colegas nos julgam loucos, no lado de lá da porta.
Sempre achei que o conjunto de actividades que um gajo desenvolve enquanto se liberta é deveras interessante. Conhecia um gajo que todos os dias à mesma hora, levava uma maçã para o privado e deixava o caroço no fundo da sanita. Note-se que não estou a projectar nenhuma metáfora esquisita; era mesmo o caroço de uma maçã.
Já outro havia que tentava passar o nível 10 do Sudoku... foi uma merda para o acabar. Literalmente.
Eu, preferia sempre os filmes... e no secundário, passei 6 horas a ler os Maias. Foi a única vez que deixei de sentir o rabo. As 'nalgas' incharam e ficaram presas no ambientador enquanto o Ega e o Carlos corriam atrás do americano. Tive de meter uma merda de lado para conseguir sair de lá, à boa maneira de Arquimedes.
O que me deixa fascinado e surpreso relativamente ao ser-humano é a confiança que estabelecem relativamente a um gajo. Lembram-se do Círculo de Confiança do Robert De Niro? É semelhante.
Um tipo que ontem era facilmente identificado como um depósito de tijolinhos de confiança, hoje não passa de um bloco de merda com quem é melhor manter alguma distância. Acaba por ser giro.

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