01/11/2007

dias e dias e dias

Os dias vão passando. Passam-se segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e vamos contando as suas unidades de tempo uma a uma. Registamos toda a rotatividade temporal num caderninho que guardamos religiosamente nas penas, convenientemente protegido pela cavidade torácica.
O ETA (não, não é nada com o País Basco, é mesmo o 'expected time of arrival') deixou há muito de fazer sentido, dando lugar ao ASAP. Este, por seu turno, também tem deficiências crónicas ao nível da 'possibilidade'; o 'as soon as possible' deixa um bocado a desejar...
Dizia o anúncio da Swatch, há uns anos, que 'tempo é o que fazemos com ele'.
Nem mais...
Falando pelo meu clã de Patos, os Patos Marques Urbanos, devo afirmar que só fazemos é merda.
Se o tempo é mesmo aquilo que nós fazemos com ele, então nós temos uma tendência para o exagero que será algo de fenomenal... coisas simples, que se dizem e fazem em minutos, conseguimos prolongá-las aos fusos horários mais alargados.
Cenas que, curiosamente, têm dois cenários possíveis. Sim ou Não. Raramente há espaço para o Talvez. Coisas que podemos adiantar mas que, covardemente, alargamos por períodos indeterminados.
Quando, por outro lado, percebemos que aparentemente já nada há a fazer, tomamos a atitude e dizemos coisas que eventualmente não teríamos o direito de dizer em dado momento. Soa um bocado a canalha...
É outra das coisas em que somos bons... o timing é sempre perfeito.
Ficamos sem saber ao certo o que fazer. Isto porque depois há sempre um terceiro cenário... o 'none', o 'conjunto vazio', o 'vazio absoluto', a 'ausência de cenário', como queiramos chamar-lhe...
É fodido, mas compreendemos que afinal, todos temos as nossas oportunidades. E, conjuntamente com as oportunidades, é-nos atribuído um espaço de tempo bem delineado para gerirmos essas oportunidades. E o que é chato, é que esse espaço de tempo é mesmo uma coisa exacta (ou exacto...). Se nos atiramos de cabeça às oportunidades, acaba tudo por rachar, porque somos demasiado impulsivos; se demoramos demais, em breve percebemos que tudo à nossa volta começa a trabalhar segundo engrenagens mecânica e efectivamente sincronizadas que nos deita tudo por terra. É um bocado quando caímos. Só que aqui é diferente, porque logo após caírmos aparece logo um tractor ou coisa parecida que nos trata de enfiar ainda mais no buraco e cobrir com terra. E adicionar alcatrão. E colocar uma camada de betão em cima.
Não que seja impossível contornarmos a situação.
Nada é impossível.
Simplesmente, pode é não ser humanamente possível. Ou patinamente possível.
Tudo tem um timing, até as oportunidades.
E o tempo, afinal, não volta atrás.
O tempo é implacável. Não existe lugar a segundas oportunidades, não há forma de voltarmos atrás.
É assim e pronto.
E os patos Marques são exímios em perder oportunidades.
Ficam sempre fora da circunferência ou dentro da circunferência. Nunca na circunferência.
Depois fazem blogs e vão para o raio que os parta.
Os patos Marques fazem merda, os patos Marques fodem-se.

Tendo em conta que muito dificilmente os meus leitores estejam a perceber um boi do que estou para aqui a escrever, considerem isto como mais um daqueles textos que só eu entendo.
Poupem a vossa saúde mental e não tentem compreender.
Vou voltar à zona inferior do parapeito da janela e esperar.
Esperar pelo tempo, esperar pelas segundas oportunidades.
Sei que não existem, mas também sei que não devemos negar totalmente uma dada hipótese. Por muito sentido que a sua negação possa fazer.
A vida não é matemática. Uns demoram é mais tempo a aprender essa lição.

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