A vida é uma imensidão de incertezas mais ou menos certas.
Poderia ser a primeira frase do prefácio de um livro ou um devaneio oriundo da mente problematicamente idiota de um pato. Ou então não.
Não sei ao certo o que se passa.
O mundo parece-me andar meio torto (ou efectivamente torto) e tudo se parece processar como blocos de memória, captando aqui e ali um sector mais ou menos problemático.
Se tudo funcionasse de forma a podermos achar que era algo justo, nem teria piada ter um blog ou coisa parecida.
Começo a ter vergonha de mim mesmo. Acho que devo ser mesmo qualquer coisa a oscilar entre a besta quadrada e o perfeito imbecil.
Há poucos dias, um gajo que estava comigo perguntou-me se eu gostava de língua de vaca.
Olhei para ele, meio desconfiado... seria piada? Tentei a resposta clássica nestas ocasiões. Com sorte o tipo calava-se.
"Yah, yah, depende da língua e da vaca..."
O que me surpreendeu mais, é que neste ponto, em que normalmente se calam com estas merdas... o gajo conseguiu ir mais além. Então perguntou-me se gostava de língua de boi e deitou a dele para fora.
Confesso que foi daquelas cenas que me conseguiu transferir a vesícula biliar para o fundo do intestino.
É que no meio disto tudo, não percebi bem se o tipo estava a brincar ou a falar a sério. Mas se era efectivamente a brincar... conseguiu fazê-lo de uma forma muito séria.
Cada vez fico mais assustado, porque não me levam a sério.
Consigo pensar num conjunto de coisas que estava capaz de anotar numa folhinha de papel e levar comigo no bolso, que vão desde inconsistências a incoerências, arrotando ali bem ao lado da desagregação atmosférica, e usá-las para nunca perder a vontade de esfregar vertical e sistematicamente os cornos numa árvore. Mas isso sou eu.
Já o outro gajo, agora fode-me a cabeça todos os dias, porque insiste que me tem de mostrar um atalho qualquer para eu cruzar Lisboa.
Epa, eu sou de Lisboa, nasci em Lisboa e, posso não ter grande sentido de orientação (com o meu diâmetro, sou mais parecido com um pato-bombardeiro que com um pato-correio), mas ainda acho que sei cruzar a porra da cidade!
Entre andar a dar voltinhas a ruelas com um gajo duvidoso e ir para casa sozinho na companhia de um mp3 ruidoso e de um telemóvel silencioso, prefiro que o gajo vá chatear os cornos a outro e me deixe ir pelo meu caminho habitual!
Outra coisa. Agora, por algum motivo, a malta ganhou o hábito irritante de me chamar 'filho'.
Caramba, começa a ser um bocadinho demais...
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