10/03/2009

contos de encantar

Algures durante a manhã, um gajo aconchega-se na loiça fria e branca de uma pequena salinha, tentando alcançar o seu momento diário de conquista.
Ali, onde os fracos fazem força e os fortes se cagam todos (era algo assim), um gajo tenta aproximar-se minimamente da luz do seu ser, empurrando-a contra o sifão mais próximo.
Subitamente, uma voz é detectada no corredor, lá ao fundo. Uma voz que diz que não tem electricidade na sua sala e que, consequentemente, irá ver o quadro eléctrico.
Do alto da loiça fria, o herói da nossa história de encantar consegue pensar em algo minimamente puro e decente e ousa passar-lhe pela cabeça uma expressão como "Meu Deus...".
Eis que se ouvem os passos, do lado de fora das salas de expressão artística. Ouve-se claramente o chiar, lento e sombrio do quadro a abrir-se... o coração bate mais forte. O que se passa? Por que bates assim, velho companheiro? Booom, booom, booom...
Um 'tac', detecta-se no horizonte. Alguém liga o disjuntor.
Momentos de satisfação. Uff... E 'PAAAAAAUUUUUUUU', foda-se, o herói não vê nada.
"Estou cego, não vejo nada". E o coração bate ainda mais forte. Booomm, Booommm, é hoje que ele salta do seu pequeno recanto no peito.
Mais vozes no corredor. "Terei morrido?"
A nossa personagem volta a aterrar, os pés assentam novamente na terra. Uma voz do lado de lá explica ao universo que todo o quadro rebentou. "Mas eu só carreguei no disjuntor..."
No meio da risada, uma voz eleva-se da escuridão... "Tipo, mas eu continuo às escuras!"
Abençoado o gajo que inventou os telemóveis com lanterna. E a nossa personagem tem dois.
Os dois pequenos LEDs iluminam o cubículo, permitindo terminar o que se começara.
"Foda-se, onde andarão as cuecas? Não vejo um caralho... ah, está ali"

Moral da história.
"Nem a porra de uma diarreia conseguimos ter em paz e sossego!"

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