14/09/2008

cenas dos casamentos

Finalmente, em casa.
O que normalmente os casamentos têm de interessante, é o facto de dificilmente conhecermos alguém.
Yah, conhecemos o noivo e a noiva, e depois ficamos com um ar tolo a olhar para tudo o que nos rodeia.
Na melhor das hipóteses, metem-nos numa mesa com um tipo que andava connosco na faculdade e conseguimos manter um mínimo de sanidade (ou não). Digo não porque, uma vez mais, fizeram o favor de deixar um lugar vago ao meu lado. Aliás, desta vez foi efectivamente brutal o facto de arranjarem uma mesa apenas para os amigos do noivo. Imaginem a cena... um falta, o outro leva namorada e ou outro vai sozinho. Brutal. Três pessoas numa mesa, das quais duas são um casal... Serviu para ir efectuando o reconhecimento psicotécnico da malta para depois escrever posts de merda no blog.
Cereja no topo do bolo. Um acidente com um dos convidados, levou a que me confiassem uma pequena criança no seu carrinho.
Devo ter ar de paizinho, pelo que a miúda adorou os meus dedos - que apertou até deixar de ter sangue nas unhas - e até adormeceu. Ah, imagine-se! Logo eu que tenho um trauma brutal porque o ovo do Pato Afonso foge de mim como o Diabo foge da Cruz... e esta ignorou o facto de nunca me ter visto mais gordo deixando que a adormecesse.
E facilmente, um revoltado pato começa a babar, como se se tratasse do seu próprio ovo.
Tipo... tão inocente, tão sossegada, sentada no seu carrinho, ignorando todos os males existentes no mundo. O seu sono descansado conseguiu-me transportar até a mim para outra dimensão... só de olhar feito parvo para a criança que consegui adormecer (a sério, senti-me o Rei do Mundo do Sono) consegui, por breves instantes, esquecer que tenho os cornos efectivamente todos queimados. Ignoramos que temos uma doida em casa, ignoramos que temos uma vida de merda, ultrapassamos o facto de estarmos mais sozinhos que um espermatozóide no cú de um paneleiro e paramos de pensar por momentos muito pequeninos na merda que fazemos. Tudo porque uma jovem cria de homo sapiens se encontra ali, à nossa guarda, com um ar angelical, e sabemos que estamos dispostos a tudo para a proteger.
Só que depois tudo se resolve e temos de devolver a criança... e então voltamos a cair em nós e a perceber que está tudo novamente e novamente fodido.
Suponho que todo o Pato adulto deveria ter direito, pelo menos uma vez na vida, a poder chocar um ovo. É algo simplesmente brutal, esquecermos as horas que passam sem almoço, a bexiga que vai enchendo ao limite, o calor que se faz sentir, apenas por algo tão pequenino que se encontra à nossa frente.
Vamos agora ignorar os parágrafos anteriores, pois induz algo que não quero revelar acerca da minha personalidade patina.
O meu espírito de Pato Correio, continua altamente desenvolvido. De regresso a casa, para fazer o jantar a uma cabra que depois diz que não quer comer porque está neurótica (afinal, eu não podia ir ao casamento de um amigo), acabei por me perder no meio de qualquer coisa.
Só pensava que a qualquer momento iria ser violentamente sodomizado por dois camionistas com uma chave de rodas. É triste, mas uma coisa é certa... nunca mais teria prisão de ventre.

Cumprimentos patinos.

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