02/09/2008

o corredor


















E aquela luz sombria, no corredor da empresa, deixou de piscar.
Aquela luz, semi-ofuscante e intermitente, que me fazia sentir como que dentro de um shooter dos que jogo no PC.
Uma luzinha que fazia despertar em mim os mais obscuros e sinistros pensamentos, dando-me alento para pegar numa machada e começar a despachar quem me aparecesse à frente.
Aquele piscar, acompanhado do zaaap zaaap de uma lâmpada que anuncia o seu fim, que me transportava para um mundo onde envergava uma armadura de couro e bronze com um machado nas mãos, pronto a proteger o universo de males de dimensões distantes... o pisco-pisco da lampada deve ter terminado esta noite.
Hoje de manhã, a lâmpada já não existia, a intermitência deu lugar a um recanto escuro no corredor onde se imagina agora uma espécie de Resident Evil, prestes a saltar-me para cima e arrancar-me a espinha à paulada.
Agora não sei o que fazer. O desaparecimento da lâmpada reconduziu-me à minha insignificância. Já não sou o gajo da armadura de couro, já não tenho um arsenal à minha disposição para matar dragões, resgatar princesas e salvar o mundo. Volto a ser o técnico de informática que passa simplesmente num corredor frio e escuro.
Amanhã, as coisas piorarão. A lâmpada é reposta e o corredor frio e escuro, outrora demoníaco e sombrio, dará lugar a um simples corredor por onde sou obrigado a passar.
Querem destruir a minha imaginação.

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