Andava eu na primária e alguém da família (enquanto ainda era família, ou coisa que o valesse) achou por bem inscrever-me na natação.
Possivelmente achariam que eu desenvolveria bastante melhor as capacidades sociais se tivesse algum tipo de contacto com outras pessoas, completamente despidas, com coisas que ainda não sabíamos ao certo para que serviam.
Eventualmente, se tivessem a capacidade de prever o futuro, teriam poupado algumas economias porque, na realidade, aquilo era uma grande merda.
Para já, tínhamos de ir até às piscinas da Avenida de Roma, depois das aulas, perto das 17 horas... era sempre à quinta-feira, pelo que o animal do meu pai tinha de fazer um desvio à saída do trabalho, para me ir buscar... e depois, tornei-me um porco anti-social que pouco mais vê à frente que teclados e monitores, sendo que também de atlético pouco tenho: basicamente, para além de saber mergulhar, de nada mais me serviu a merda da natação.
Possivelmente, para o cloro me foder a pele toda... seria uma justificação aceitável.
Então lá íamos nós, o grupinho de 6 broncos e trolls, acompanhados pela D.Amélia (não a rainha... a cozinheira) que acabou por me ensinar - a custo, diga-se - a atar os ténis. A cena do coelhinho que saltava, dava duas voltas e metia-se na toca, enfim... essa merda comigo não resultava... eu queria mesmo era uma visão geométrica de como poderia atar os atacadores.
E era uma cena deprimente, porque depois a D.Amélia ajudava-nos a vestir e ficava ali a tratar de nós.
Ainda hoje tento ultrapassar a cena de levarmos as réguas dos estojos (aquelas pequenas, de 15 cm) e medirmos religiosamente a nossa instrumentação para verificar se tinha crescido mais qualquer coisa comparativamente com a semana anterior.
Havia também sempre um bronco qualquer que se lembrava de perder os calções ou vomitar-se todo com o cloro da piscina.
A paranóia atingia níveis extremos quando não largávamos o dinheiro.
Ok, possivelmente, já o meu instinto sociopata de fissão cerebral a revelar-se... o facto é que todas as quintas-feiras, alguém na 'qualquer coisa chamada família' me dava 100 escudos para gastar depois da natação.
Invariavelmente, acabávamos sempre na barraquinha das batatas fritas que fica em frente às Piscinas do Areeiro... ou então na famosa Casa do Gelado, logo ali ao lado...
Como custava a ganhar e tinha um pânico tremendo de perder a moedinha, passava o dia inteiro a agarrar na moeda com a mão esquerda. Era uma quinta-feira sempre um bocado fodida porque com o suor, a mão ficava a cheirar a metal e, ao chegar à tarde, aquilo era nojento. Quase que se podia dizer que a moeda amolecia e se podia comer...
De repente isto está a soar-me a repetição; não sei se já tinha referido algures no blog, mas paciência.
De facto, os posts no blog andam a multiplicar-se exponencialmente... se a Comissão Europeia começa a definir quotas de produção para os posts, como já faz com o leite, isto fode-se.
2 comentários:
Essa história nem me parece digna de um Pato!
Já agora, para aumentares a tua popularidade junto do sexo oposto (e do outro, pelo menos para alguns...), sempre podes escrever que muito rapidamente a dita régua se revelou insuficiente para a tarefa (ou não... LOL).
Não creio que o sexo oposto (ou o outro) se sinta mais ou menos animado com este tipo de medições. Até porque no estado normal, não ultrapassa mesmo os tais 15 cm; felizmente! Ou não teria calças e boxers que resistissem, lol.
(Aí está o nível a descambar para níveis negativos...)
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