14/04/2008

virar a vida de pernas para o ar

Uma das coisas excelentes na informática é o facto de podermos trabalhar remotamente.
Tirando um ou dois casos pontuais, não é efectivamente necessário ir até aos computadores para resolver um problema. Baseia-se tudo em unidades de espaço e memória.
Servidor 1 no apontador k, utilizador 7 no bloco 3-i, router 3 no bastidor B...
Se soubermos as localizações e endereços exactos do material, acede-se a tudo em remoto.
É fixe. Menos contacto, menos emoções, menos sola dos sapastos gasta e... o melhor de tudo, podemos estar 8 horas por dia enrolados no cabo do mp3, sem termos de tirar os headphones dos ouvidos a não ser para comer e ir à casinha.
Bom, vidas tristes à parte, é então possível ouvir a mesma música vezes e vezes sem conta. A minha playlist habitual... devo conseguir ouvi-la 1,5 vezes por dia. No final da semana há uma série de letras que se conseguem decorar...
Suponho que já devam ter ouvido a do 'pequeno T2'.
Confesso que acho tudo ligeiramente curioso. Começa pelo facto do gajo dizer que quer um pequeno T2.
Ok, quem não quer, acho que as coisas boas da vida estão nos pequenos detalhes... o pequeno T2 parece ser um deles. E, nessa perspectiva, até parece ser algo fácil de alcançar, eventualmente com uma prestação que demorará o resto da vida para pagar, mas pronto, é aceitável.
Contudo, e com alguma razão, chega a um momento em que o T2 (pequenino, claro) já não chega... e migramos então para o carrinho com tecto de abrir.
Bom, para um ordenado médio, uma casa em Lisboa e carro com tecto de abrir... não sei... quando comprei (aliás... vistas bem as coisas, ainda estou a comprar... todos os meses) o meu carrinho, lembro-me perfeitamente que o tecto de abrir era um extra que me fodia o orçamento. A não ser que o gajo estivesse a pensar num 2 cavalos ou merda semelhante.
Assim, ainda a música não chega a meio e já o gajo quer a casinha, o carro com tecto de abrir e... há o detalhe da casa ter de possuir obrigatoriamente vista para o mar... Tipo... de onde vens tu, pá? A malta aqui não tem carteira para essas merdas!
Começo então a pensar no que poderá o gajo fazer. Quer dizer... eu sou um licenciado e os trocos ja se contam... o que fará o gajo para sonhar assim...?
Quase no fim da música a malta percebe.
'Agora só me falta arranjar um emprego'. Ahhhhh, bom, mas então isso explica tudo!
O rapaz está é a sofrer de parvoíce aguda. Ou então é parvo e não sabe no que se está a meter.
Ora vejamos, 1º emprego, vais entrar como estagiário (os gajos que se situam abaixo dos cães), depois vais subindo gradualmente na carreira... bem, ou arranjas dois empregos ou estás fodido. Assim bem podes sonhar.
E, quando pensamos que todo o esquema já tinha terminado, eis que surge a afirmação chave. "Só me falta arranjar um emprego para estar contigo"... Opahh, são os dois desempregados? Ou querem trabalhar no mesmo sítio?? E deve ser um emprego do caraças, para teres tempo para estar com ela durante o horário de trabalho...!
Jovem, não te esqueças do teorema fundamental da cueca: onde ganhas o pão, não comes a carne! Senão dá merda... depois nem T2, nem tecto de abrir, nem vista para o mar.
Aliás, vistas as coisas por outro prisma... para que queres tu virar a vidinha de pernas para o ar? És doido? Ganha juízo, pá!
Não brinques com merdas sérias. Não queiras ter a tua vidinha de pernas para o ar!


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