Férias. Dia 5.
Como tenho a mania de ser cromo, comecei a contagem no 0. Ora, de 0 a 5, vão seis algarismos. Quer isto dizer o quê...?
É o 6º dia!!! Acabaram as férias!!!!
Vou finalmente voltar à alegria de passar oito horas fora de casa e com o pensamento vertical semi-encoberto por assuntos como manutenção de sistemas, suporte técnico e actualização de dados!
Mas as férias ainda não acabaram. Oficialmente, será apenas às 23:59.
Gosto de pequenas surpresas. Algumas abusam.
Hoje de manhã, bem cedo, recebo uma chamada de um número anónimo no meu 96. Ok... poucos conhecem este número. Três, quatro pessoas, no máximo.
Serviu para me acordar e dar uma valente marrada no armário.
"Tou sim? Manel...?"
Epa... pronto, era engano... mas tinha logo de começar a manhã com um gajo a ligar-me? Aquelas cenas do anúncio da Optimus, de facto não existem... "Sim, Pato Marques? Olha, fala a Soraia Chaves..."
Precisamente por ser sexta-feira, e por amanhã passar o dia fora de casa, tive de preparar comer para a 'Coisa' não morrer à fome.
É naquela... de facto, já não consigo ver tachos, frigideiras, legumes e pequenos recipientes de plástico à frente.
Hoje, para não variar, está a morrer.
Eventualmente porque não vou estar por aqui amanhã... então achou que seria interessante começar a foder-me os cornos ainda ontem à tarde.
"Ahhhhh, estou tão mal...", "Ahhhhh, vou morrer...", "Ahhhh, a minha diarreia cheira tão maaaal..."
Tipo... 'vó... vamos a ver uma cena... A diarreia é merda, certo? A MERDA CHEIRA MAL!
"Pois, porque vais passear com os teus amigos e deixas-me aqui abandonada..."
Há coisas incoerentes.
Não vou passear, vou suar que nem um porco dentro de um fato; 'Abandonada...', yah... e também a morrer à fome, por isso é que passei as últimas duas horas na cozinha... cabra.
É que o que não faz de todo sentido no meio disto tudo, é o facto de ela não atinar com uma merda muito simples. É daquelas coisas que se lhe digo muito directamente, a mulher passa-se... mas é um facto!
A minha santa avó pensa efectivamente, que é ela que se encontra no meu pensamento durante todo o dia e a longa noite. A minha santa avó pensa que é o objecto de toda a minha alegria e que se encontra com um largo espaço no meu pequeno coração só para ela. A minha avó pensa que se tenho humores, se ando feliz ou mal-disposto, se deve única e exclusivamente ao facto de estar aqui.
É uma visão um bocado geocêntrica da situação...
Vamos a ver... Querida avó, que transformas uma pequena parte da minha existência num pesadelo semi-real que só terminará quando me atirar para a frente do 12... Ajudaste-me a criar, agradeço! É em parte graças a ti que hoje tenho um curso, brutal! Da parte que me toca, estou agradecido e nunca vou esquecer isso, apesar de teres feito da minha Mãe uma escrava. Mas... epa, não leves a mal... mas não posso viver a minha vida em função de uma pessoa que não me deixa viver a minha vida.
É duro, é cruel... compreendo isso. Mas virá o dia, em que se ainda estiveres viva, não vou querer partilhar uma casa contigo e a minha família. Há uns lares fixes, a malta visita-te, vês os bisnetos, mas é só!
A percentagem de espaço disponível no coração para ti resume-se a uma pequena parte. Ponto final! Foda-se! Foda-se! Foda-se!
Vivo num Inferno! O que raio queres mais! Trato-te da casa, faço-te o comer, aturo-te as pancadas todas! Não vais ter mais um escravo!
E, sobretudo, não és a raiz de todas as minhas preocupações!
Ok... se lhe dissesse isto, que é a verdade, morria-me para aqui. Era capaz de ter piada, mas não a quero a em decomposição na sala.
Depois fica a olhar para mim com um ar meio senil. Só que não o está.
Psiquiatras vão e vêm, mas a maldade e a tentativa de me torturar psicologicamente são eternas.
Ao menos podia dar-me folga... mas não.
Já não basta a vidinha e ainda acha uma excelente ideia foder-me os cornos.
Há uma série na BritCom que é mais ou menos o que se passa aqui. Penso que é o Little Britain... há um tipo que se faz de deficiente e está à guarda de um outro gajo.
A semelhança é aterradora.
"Avó, o que queres jantar?"
"Ahhhhhhh, só um chazinho..."
Arranjo-lhe o chá, vou para o quarto. Acabo de me sentar...
"Ahhhhhhhh, e umas torradas..."
"Ok, é só isso?"
"Ahhhhhhhh, sim..."
15 minutos mais tarde. Acabo de entrar na casa de banho.
"Ahhhhhhhh, se me cozesses umas maçãs..."
Às vezes sinto que o universo bem que podia implodir-me. Não tem significado manter-me aqui.
Ontem à noite andei novamente a deambular pelo YouTube. A comunidade anda cada vez mais estranha. Acabei por ir parar a um vídeo de um tipo que tinha filmado a mulher a dar à luz.
Ok. Inicialmente pensei que fosse alguma cena para rir. Rapidamente perdeu a piada.
O médico começa por dar um corte e depois é sangue por todo o lado, e depois vem a cabeça do puto... e a placenta! Meu Deus, a remoção da placenta! Aquela merda é arrepiante!
E agora a imagem não me sai da cabeça. Tenho de arranjar os rins de porco para o almoço de domingo, e já olhei duas, três vezes para eles... e vejo o sangue e recordo-me da porra do filme!
O milagre do nascimento é efectivamente uma coisa linda. Mas o gajo tinha de meter o vídeo no YouTube???
A sério, a malta que ainda acha que um pontapé nos tomates deve doer mais que as dores de parto... vejam o filme... aquilo até a mim me doeu só de ver. Depois dilata, rasga, deita mais sangue... epah, estou chocado. Assustado é mesmo o termo. Ok, para dizer a verdade, ainda estou em pânico. Só de pensar no que vi, começo a ter problemas respiratórios e o coração bate ainda mais irregularmente.
Não resisti a passar no trabalho. Infelizmente esqueci-me de todas as passwords dos sistemas. O meu chefe acha que estou todo queimado. Eu tenho a certeza.
Dia 5. Tudo fodido. Como habitual.
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