15/09/2008

a teoria do Big Bang

O que irrita brutalmente, o que faz questionar-me se não serei apenas uma alma penada que está em penitência por alguma merda que fez numa outra vida, é ter tido de assitir à morte lenta do meu Avô, depois ter de assistir à morte estúpida da minha Mãe e, no final de tudo, ainda ter de ver a da minha avó que se prolonga dias e noites a fio.
Alguma devo ter feito para ter de aguentar esta foda até ao fim.
Pergunto-me se vocês aí em baixo ou aí por cima, quem quer que seja que curta esta merda, não têm nada melhor para fazer senão foder a vida toda a um gajo, desde o mais pequeno detalhe, até à maior das merdas.
Suponho que isto deva ser imensamente divertido.
Afinal, sempre tive a oportunidade de ver um Avô a vomitar o estômago. Depois, fui agraciado com o ficar sem Mãe através da mais imbecil das doenças. Seria de esperar que pudesse presenciar o espectáculo de despedida da minha santa avó, que se vomita, mija, caga, esborracha os cornos no chão e passa a madrugada a chamar-me, enquanto não dá o pifo.
Possivelmente, e para quem ainda duvidava, há grandes hipóteses de ser este pato o próximo da lista, visto que não tem um minuto de paz e sossego há meses.
O cérebro (assim como todo o restante corpo), por jovem que seja, também tem o seu limite. E o deste, não anda longe.
Pode até parecer uma perspectiva egoísta porque, no final de contas, não sou eu que estou a morrer. Acho...
Só que depois de dois belos anos a aguentar com uma vida de merda, sem ainda ter descarregado com um taco de madeira em qualquer coisa que me aparecesse à frente, penso que tenho o direito de expor a minha pequenina revolta pela vidinha que ganhei de presente há cerca de 24 anos atrás.
Não pedi para cá estar. Tendo sido obrigado, o mínimo que se poderia esperar era que as coisas se processassem de forma mais ou menos normal.

Boas noites a todos (a minha noite, pelo menos, promete ser longa; novamente)

3 comentários:

RN disse...

Amigo Pato,

Todos nós passamos por momentos de grande desespero ao longo das nossas vidas. Mesmo que os teus problemas sejam, de facto, de maior dimensão e mais dramáticos do que aqueles que a maioria de nós atravessa, não te esqueças que para quem vive em desespero a intensidade do mesmo não é necessariamente proporcional à dimensão real do problema quando analisado de uma perspectiva isenta. E, felizmente, para grande parte, a seguir aos tempos de desespero acabam por suceder tempos de esperança e mesmo felicidade. É preciso acreditar! O tempo é o teu maior aliado, ainda que, por agora, este pensamento te traga pouco conforto.

É verdade que qualquer um de nós já pensou num ou outro momento das nossas vidas em acabar com tudo, por isso, acredita, não estás só. Aliás, nessa matéria nem és nada original. Mas a vida ainda poderá oferecer-te muito de bom - uns patinhos, por exemplo.

Tens mais para ser feliz do que o contrário, mesmo que por ora tenhas por missão carregar essa grande cruz até ao seu destino.

Ah, e não vale a pena filosofar muito acerca da nossa missão no Universo. É tão certa a inevitabilidade da pergunta como a ausência da resposta...

Abraços patinos.

RN disse...

Sempre pensei que o meu comentário iria provocar alguma reacção da tua parte... enganei-me|

Pato Marques disse...

Amigo Afonso... acredita, lol!
Já sabes que gosto de ir acumulando reacções para depois as arrotar (ou peidar) todas de uma vez.
Ando em período de reflexão, a encher o saquinho das reflexões. Um destes dias teremos um post de resposta.
Quanto à cena de felicidade, acreditar, vida e conforto... meh, já nem comento.

Abraços fofos patinos!