22/11/2008

diversidade

Largo da Graça, 04.25.
As pessoas cada vez me desiludem mais.
Após estacionar o carro, um cromo aproxima-se semi-encoberto pelas sombras dos candeeiros.
"Hum..." - penso com os meus botões - "Arrumador, a estas horas? Bem, certamente que vai tentar assaltar-me..."
O cabrão (nesta fase, já era um cabrão que iria levar nos cornos) aproxima-se lentamente com qualquer coisa na mão.
"Algo não bate certo na imagem..."
Acontece que o gajo trazia uma nota de 5 euros na mão... estava mais nervoso que uma virgem em noite de núpcias. Quase que parecia que seria eu que o ia assaltar.
"Amigo, amigo! Não me troca esta nota de 5 euros em moedas??? A máquina dos preservativos ali da farmácia só aceita moedas..."
(estes bairros são um mundo fabuloso)
Foda-se... rapaz, são quatro e meia da manhã... andaste a dormir a noite toda?
És um biltre!!! A estas horas, podias tentar assaltar-me, podias dar-me com uma marreta nos cornos, até conseguia compreender que quisesses a moedinha do estacionamento... mas trocos para preservativos???
Nos momentos que antecederam a abertura da carteira, só pensava na imbecilidade daquele gajo.
Na remota hipótese de dar uma valente naquela noite, não ia preparado?? E se era algo ocasional, fiquei a pensar em quem teria o desgraçado arranjado às quatro da manhã...
"Epa, olha, não tenho preservativos... fica aí a ver o XXL que já venho..."
Aposto que ela ficou à espera calmamente...
O mais interessante nesta história é o facto do génio levar a cadela atrás. Sim, uma cadela de quatro patas chamada Maria. Pelo menos, o tipo quando se afastou, eternamente agradecido pelos trocos, chamou a Maria que foi alegremente atrás dele aos saltinhos.
A única coisa que me ocorreu foi um passeio nocturno com o cão, que evoluiu numa relação humano-canina de alto risco.
Curiosamente, esta manhã, cheirava imenso uma mistura de cão com um outro aroma conhecido junto ao meu carro. Calculo que se tenham aliviado por ali. Nunca a expressão "à canzada" foi tão bem aplicada.

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