No outro dia perguntavam-me como era eu capaz de escrever quase todos os dias.
Aparentemente, deverá ser fácil um gajo chegar ao fim do dia sem nada para contar, sem motivos para reclamar, sem ninguém para mandar ir à merda.
Eu sinceramente, tento. Mas depois, ocorrem sempre aquele momentos de iluminação divina que me forçam a agendar a escrita.
Um tipo está num estado minimamente aceitável e pumba! Tem logo de aparecer um cão sem patas ou um desconhecido a boiar numa poça de sangue. E logo o meu cérebro de merda começa a cagar bolas de pêlo... um bacano que vive dez anos da sua vida sentado numa sanita, ou um administrador de um banco falido que se divorcia e passa todos os seus bens para o nome da mulher para ser um probrezinho quando chegar ao julgamento... ahhhh, vá lá... 'tão mesmo a pedir um post!
Elevador.
Normalmente, os estafetas são cromos caricatos.
No outro dia, um estafeta estilo-provinciano entra no elevador. O gajo já agradecia o simples facto da malta segurar a porta para ele entrar e carregar no botão do andar... como se não houvessem mais quatro elevadores prestes a arrancar. Como se nunca tivesse entrado num elevador...
Mas o mais interessante era a encomenda que levava.
Uma cesta, uma cesta recheada de rosas vermelhas. Achei lindo. Comovente.
E no centro da cesta, como se de uma cereja no topo do bolo se tratasse, jazia um coelho branco, inanimado. Plástico? Embalsamado? Vivo e a dormir? Quem sabe...
No fundo, quem quer oferecer algo minimante fofo, com aquele toque de romantismo associado, oferece um coelho com rosas vermelhas.
Epa, até podia ser um coelho à caçadora.
Isso é que era de Homem a sério! Isso e um cartão!
"Ofereço este coelho no tacho como forma do meu amor; P.S.: quero fazer-te o mesmo, meter-te no tacho e papar-te"
Mas o detalhe das flores ficava ali a matar.
Resumindo: uma cesta de rosas vermelhas, com um coelho branco, entregues por um velhote com uma enxada na mão. Não quero imaginar o que iria no cartão...
Agora que falo em flores, uma vez ofereci flores a uma rapariga.
Foi a primeira e a última vez que o fiz.
Não quis dar ouvidos à Voz da Razão quando ela cagou no fiozinho que lhe ofereci com um coração (nos anos, acho). Tinha o nome dela gravado num dos lados e o meu no outro. Eventualmente foi esse mesmo o problema, estávamos em lados opostos do coração. Suponho que hoje ela use o fio com o meu nome riscado e um "Pedrão" escrito a marcador vermelho.
Voltando às flores... um dia, por motivos que agora não vêm ao caso, mandei entregar um ramo de flores na casa dela.
24 horas depois enviou-me uma sms dizendo "estás a passar-te???" e na saída seguinte, atracou-se a outro cabrão à minha frente.
Visto em bird's eye view, até foi positivo.
Está a dar novamente o Matrix.
Não me canso destes belos momentos:
"Por que me doem os olhos?"
"Porque nunca os tinhas usado..."
"Ahh, mas o olho do cú também me dói"
"Isso é porque sempre cagaste fininho..."
De qualquer forma, sempre que vejo este filme, recordo-me de toda a problemática da Caverna de Platão.
Todos os humanos enviados na caverna a ver as sombras passar e o Neo, que se levanta e revolta, decidido a conhecer a verdadeira realidade.
Não estou a ver onde poderei enquadrar o Mr.Smith nisto tudo, mas decerto que com um pouco de criatividade lá chegarei.
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