Hoje de manhã olhava sonolento para a caixa dos cereais.
"Esta caixa contém 90% de cereais, 2% de chocolate preto, 3% de chocolate branco e 1% de vitaminas..."
Tentei fazer um cálculo rápido. Ora 90 mais 2 mais 3 mais 1... 96? Então e os outros 4%? Cheira-me que em cada 90 gramas de cereal devo andar a comer uma barata ou outra cena estranha. Eu pensava que só apanhava essas merdas nos grãos de café da máquina do trabalho, mas afinal é bem possível que também existam num super-mercado perto de si.
Os cordões das camisolas são algo deliciosamente ranhoso. Um gajo tem aqueles cordões pendurados e, quando dá por si, já os tem na boca e baba-os incansavelmente.
Não sei ao certo o que procuramos quando lambemos os cordões das camisolas... deve ser muco, possivelmente. Aliás, pode não ser o que procuramos, mas é efectivamente o que encontramos.
É a eterna busca pelos nossos próprios resíduos salivares.
Já não andava de metro há uns tempos. Mas metro a sério, do subterrâneo... nada de cenas maradas, que não passam de eléctricos. Tive de fazer uma rápida deslocação e fui forçado a utilizá-lo.
Não me lembrava da quantidade de malta esquisita que habita as profundezas. E depois parece que se conhecem todos, passageiros regulares possivelmente. Beijinhos para aqui, cumprimentos para acolá...
Um gajo sente-se um estranho no seu próprio universo.
Um universo com 4GB de mp3... mas não deixa de ser um universo.
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