Nos meus bons tempos de semi-finalista, enquanto procurava o primeiro emprego estável (emprego estável... ahahahhahaah, coisa com piada), acabei por ser entrevistado para comercial de uma empresa.
Tendo passado os vários testes que me foram propostos, um último foi feito com um frente-a-frente com a directora do local...
Basicamente, pediu-me para lhe tentar vender o meu telemóvel.
Acontece que na altura tinha um telemóvel de cariz bem mais desportivo, um agora velhinho e fóssil Nokia 5140i... e a pobre senhora era tudo menos atlética.
"Se você for mesmo bom, consegue até vender areia no deserto..."
"Pois, é um facto" - pensava eu - "chato é tentar vender Coca-Cola Light a um besugo... mas vamos tentar"
Mostrando muita estupidez ou muita irreverência, a primeira coisa que me ocorreu dizer (lá está, o tal problema de falar primeiro e pensar depois) foi: "Sabe, tem ar de quem faz muito desporto... não estaria interessada em comprar o topo de gama dos sport-phones?"
Em milésimos de segundo consegui atingir a pedrada no charco que tinha mandado. Felizmente nem sequer tirei o casaco, porque as manchas de suor já iam ao umbigo...
Mas que grande animal... "tem ar de quem faz muito desporto..."; considerando que a senhora era bem maior que eu, só me ocorria que ela iria despachar-me dali à chapada (bem, não seria a primeira...). Curiosamente, deixou-me continuar no meu imbecil e triste monólogo de venda.
Falei durante meia-hora... felizmente a minha tara das tecnologias tinha-me levado a ler o manual do telemóvel no dia anterior, numa visita à casa-de-banho. Sabia todas as especificações do telemóvel, o que fazia, o que não fazia, os pontos fracos... e até consegui associar aquela merda a uma "arma de arremesso para senhoras indefesas, ao serem assaltadas".
Aos 31 minutos ela diz-me: "Ouça... pode parar. Está visto que é um bom vendedor e conhece o produto. Por mim, começa já amanhã. Mas por favor, eu compro-lhe o telemóvel se você se calar!"
Achei positivo. Senti-me como o vendedor de Bíblias gago que batia à porta da malta e perguntava: "que-que-que-que-quer comprar ou que-que-que-que-quer que eu leia?"
As porteiras têm uma capacidade inata para que fiquemos com vontade de lhes enfiar a esfregona pelo rabo acima e o balde pelos cornos abaixo.
É uma simbiose justa e relevante.
Alguém me explica por que motivo lavam sempre as escadas a meio do dia? Procuram sempre a hora mais movimentada nas escadas para meter a vassoura de molho.
Um animal vai muito bem a passar, passeando os cabos de rede de categoria 6 (que são muito bons para as chibatadas... melhores que os 5E) e manda uma cuzada valente no chão porque está tudo ainda húmido.
Voam computadores que seguiam no transporte, teclados e nós próprios.
Creio que só pensamos "putaaaaaa", nos momentos que antecedem a aterragem.
Giro é que quando não vamos com os cornos ao chão, ficamos a pensar que somos uns cretinos porque andamos a pisar o trabalho dos outros.
"Também não gosto que me pisem os cabos de rede!!!"
Começo a pensar no Natal que, este ano, deverá apontar para o politicamente correcto. Ou não. Mas logo se vê.
Neste momento, a minha grande dúvida são as etiquetas onde se coloca o nome. Pais Natal com o nome, ou etiquetas brancas, daquelas que uso para colar nos sacos da carne que vão para o congelador?
O pior seria a força do hábito e a probabilidade extremamente elevada de escrever "rins de porco para grelhar" num qualquer livro, perfume ou bolas chinesas.
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