24/11/2008

regurgitação mental

No outro dia ia a sair de casa e fui interceptado pela vizinha de setenta e tal anos.
Estupidamente, começou a falar comigo, na onda do coitadinho e o caralho que a foda.
"Ahhh, e já viu que tem um botão do casaco a cair?"
"Pois, de facto não tinha reparado, senão já o tinha cosido..."
"Ahhh, mas veja lá, se quiser leve o casaquinho lá que eu posso coser... agora já não tem quem lho faça..."
Várias merdas me passam pelos cornos neste momento.
O raio da mulher tem mesmo de chiar um 'ahhhh' sempre que inicia uma frase? É uma merda irritante. Fico sempre com vontade de lhe responder "ahhhh, e se fosse à merda?".
Depois, que raio de cena é esta de "já não tem quem lho faça"???? Puta que a pariu! Claro que não tenho ninguém! Agradeço, mas já tinha reparado nessa merda há algum tempo. "Ahhh, onde anda a Mãe??? Ahhh, ta no pote de cinzas" FODA-SE! E de resto, tenho duas mãozinhas que não uso apenas para me afagar. Sim, sei coser e enfiar agulhas e dar o nozinho fodido no final da costura! Yah, e o botão está cosido!
Olha que não te ofereceste para me passar a roupa a ferro, não... essa merda é que dava jeito, para não ter mais uma despesa com mulher-a-dias todos os meses.
O que me irrita a sério é o facto do raio da mulher nunca ter sido simpática comigo. É preciso ficar a morar sozinho para me passar a olhar com aquele arzinho de piedade, como se fosse um coitadinho...
Pah, coitadinho é corno!
Falando em piedade, tive uma professora no preparatório com esse nome.
Foi também no preparatório que conheci a minha primeira paixoneta de pré-puberdade. Tinha cabelos castanhos-claros e olhos escuros. Vestia sempre umas jardineiras e fatos coloridos e tinha um penteado que se assemelhava a uma autêntica palmeira... fazia sempre um rabo de cavalo curtinho no topo da cabeça, pelo que as pontas caiam sobre si mesmas... uma autêntica Floribella. Muito fofa.
Um dia, no recreio, e com toda a malta ao pé, desafiou-me a dar-lhe um beijo.
Já tinha a minha parcela de monstruosidade e comecei de imediato a pensar:
"Foda-se... uma rapariga a pedir um beijo a um rapaz? Que merda é esta? São os rapazes que dão beijos às raparigas, elas não têm nada que os pedir. Até porque os verdadeiros beijos roubam-se, são lançados num impulso, não são programados; Ou então passaríamos a ir ali ao café... 'olhe, são dois donuts e uma beijoca fofa' e isso desvirtuaria todo o conceito de beijo."
Então achei por bem afastar-me da menina do rabo de cavalo na nuca e cada um seguiu o seu caminho. A bem dizer, eu segui o meu caminho... não creio que ela alguma vez se tenha tentado aproximar. Suponho que mesmo a cena do beijo tenha sido alguma aposta marada com o resto do pessoal. "Olha, vou gozar aquele gajo que tem um fraquinho por mim"
Game Over.
Hoje, no caminho para casa, parei naturalmente num semáforo. Não pude deixar de achar caricato o facto de no carro ao lado, uma banheira gigantesca, ir um anão sentado ao volante.
A malta perguntou-se se o tipo teria uns tacões de madeira amarrados aos cotos para poder chegar aos pedais... pelo menos ia sentado numa espécie de cadeirinha que lhe elevava o toucinho acima do volante.
Nestes momentos, o conceito de cadeira elevatória faz a malta erguer-se a espaços nunca antes navegados. No caso do cromo, a Avenida de Roma...
É muito divertido podermos gozar as minorias. Isso e um gajo meter-se em cima de uma retrete a mijar e a gritar "ahhhhh-ahhhhh, mijo de alto e tu não!".
Foi um momento negro, bem sei.
Gostaria que todos os meus leitores se sentassem um pouco e pensassem por breves instantes em culinária.
Imaginem uma cozinha, azul... não, amarela, com bolinhas verdes distribuídas de forma não-uniforme. Interiorizem os tomatinhos, os pepinos, as ramificações da couve-flor e dos bróculos. Analisem pintelho a pintelho, todos os grelos das batatas.
E agora digam-me...
A brushetta não foi mesmo a invenção mais rabeta que os italianos arranjaram? Uma merda esfregada no alho e chamada brushetta??? Será apenas minha mente suja a ver as interacções sexuais da brushetta na cozinha italiana?

2 comentários:

RN disse...

Quanto à menina das jardineiras, só tenho um comentário a fazer:

GRANDE OTÁRIO!!!

Pato Marques disse...

Não voava...