16/01/2009

cai a noite na cidade

Dizem que a noite é uma excelente conselheira.
Já não me fio muito nisso. A noite é fria e escura, não nos permite fitar o horizonte e planear trajectos.
A noite é sempre uma valente sacana porque nos oprime a capacidade de pensar logica e ponderadamente sobre tudo. Por outro lado, é também à noite que se desenvolvem em nós as mais variadas e rebuscadas teorias acerca de tudo o que nos rodeia.
É complexo. Por vezes, nem eu mesmo entendo o efeito da noite e da Lua na minha pessoa (quanto mais nos outros).
Os livros que nos obrigam a ler forçam-nos sempre a diarreias mentais de elevada complexidade. Já li de tudo, desde os livros mais manhosos aos mais conhecidos. Ok, gosto de ler (e nada de e-books, gosto mesmo é do papel; creio que sou um bichinho da prata).
Mas os que nos obrigam a ler é que nos dão mesmo a volta à pinha. Lembram-se da Aparição? O professor deprimido que ia dar aulas para Évora e lá encontrava um mundo novo? A cena do Carolino, que apedrejava as galinhas sempre teve alguma piada.
E a Manhã Submersa?? Pahhh, o gajo meio-enfiado no Seminário, meio-enrolado com a criada... adorável. Mas o que teve mesmo um impacto tremendo (voltando à noite, Lua e afins) foi o Felizmente há Luar... Porra, ainda hoje quando passo em Caxias parece que ouço os gritos do gajo lá ao longe.
A visão optimista de que está tudo na merda mas que 'Felizmente há Luar', dá efectivamente conta da cavidade subconsciente deste pato. Ahh, porque como há luar toda a gente pode ver, é uma luz que brilha no escuro e rasga a impureza do que não é revelado...
Tipo... vão encher-se de moscas no penhasco mais próximo, pode ser?
A bem dizer, nem o dia e o Sol compreendo.
Aliás, se tivesse de analisar bem a questão, diria que entendia o Sol e compreendia a Lua. Mas não o oposto.
Eu acho que a noite, de conselheira não tem nada. A noite é mais uma consultora de uma daquelas empresas que levam os olhos da cara, para nos fazerem um relatório de 600 páginas em que explicam que temos um problema. E depois tratam de nos fazer um orçamento para uma nova análise que relata como conseguimos arranjar um problema. E o mais curioso no meio de toda esta questão, é que ninguém, em toda a análise, consegue encontrar uma solução simples e exequível.
A noite deve ter escritórios algures numa grande avenida de uma metrópole. O Sol, esse, é um cagão que só chega daqui a umas horas. E eu, bom, eu, perdido entre a noite e o dia, vou é armar a tenda para debaixo dos lençóis porque, mesmo sem dormir, com um colchão por baixo sempre se está melhor.

Sem comentários: