20/01/2009

a mesa

Digamos que a minha vida profissional, em termos de mesas, demonstra uma evolução na carpintaria técnica.
Quando trabalhava na faculdade, não tinha mesa; depois, quando ascendi a estagiário, numa empresa de renome, deram-me uma mesinha pequenina no meio do corredor. Os meus bons colegas ajudaram-me a colocar a dita mesa dentro da sala, porque achavam que não era digno espetarem comigo no meio de um corredor. Malta porreira... mas para as histórias de lareira e cadeira de balouço a contar aos netinhos ficará o dia em que um superior referiu que um estagiário estava abaixo de um cão. Não adiantava eu ter opinião. Fiquei mesmo fodido.
Acabei por sair para outra empresa onde, agora, ganhei uma mesa de metro e meio.
Ahhh, excelente!
Adoro a minha mesinha com dois monitores e um computador por baixo. Gosto tanto dela que era capaz de possuí-la em cima de uma mesa maior, naquelas tardes de gestão solitária de eventos de servidor...
O que me deixa surpreendentemente passado é o facto de toda a mesa, em apenas metro e meio, ter o poder de me deixar completamente comunicável com o resto do mundo ou perfeitamente indisponível, no limbo da Terceira Geração.
Se coloco o telemóvel na ponta da mesa do lado esquerdo, não tenho nem um único sinal de rede que seja... do lado oposto, fico comunicável.
Engraçado é explicar isto à malta.
"Tentei ligar, mas tinhas o telemóvel desligado..."
"Ah, não... estava era do lado esquerdo da mesa"
Penso que eu e o mobiliário de escritório não somos compatíveis. A chave do meu módulo de gavetas não funciona (creio que nem existe..), pelo que a abertura e fecho das gavetas trancadas é feita literalmente, à trancada. E resulta, o que é impressionante: uma marretada valente no local certo, abre qualquer gaveta.
No meu trabalho anterior tinha uma cadeira que chiava. Como tenho o hábito irritante de passar o dia a tremer a perna, era o ser mais amado do open-space lá da zona... se tivessem um gajo no meio do espectáculo a fazer "nhiiick, nhiiiiick, nhiiiiiiick" durante horas a fio, seriam bem capazes de o odiar.
Agora, tenho uma mesa maior e uma cadeira que não chia. Sinto-me carpinteiramente realizado.

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