30/01/2009

o fim dos tempos

Começo a desconfiar que os tipos lá de cima me têm sob escuta...
Depois daquela piada de ontem, com a malta, ao final do dia, relativamente ao filho do Todo-Poderoso, acabei por me lixar. Pode ter sido apenas coincidência, mas não sei...
"Ah ah, o que é que Ele pode fazer mais?? Despentear-me?"
Parece que Ele também controla a malta do Gás e hoje lembraram-se de cortar o abastecimento na zona. É altamente irritante, quando acendemos o esquentador e vemos a chama a apagar-se à nossa frente. E tentamos várias e várias vezes, até que percebemos que não, de facto, não há mesmo gás...
Tomamos então a corajosa decisão de tomar o duche com água fria, e logo nos arrependemos, porque a água gelada pela noite e presa nos canos, invade-nos todas as partes do corpo de uma forma friamente assustadora.
A manhã torna-se assim enervante em todos os aspectos, iniciando no momento em que conseguimos gritar a plenos pulmões 'Foda-se, cabrões, filhos de uma grande puta' (os técnicos da LisboaGás) enquanto lavamos a cabeça com água gelada a escorrer-nos pelo corpo, e culminando no momento em que percebemos que a mesma água gelada nos vai prolongar a habitual e masculina erecção matinal até perto da hora de almoço.
Toda a análise política dos últimos tempos relativamente ao Freeport, já começa a dar-me piolho na micose. Epa, já sabemos que o Sócrates é um ladrão (como todos os outros que foram ao poleiro), já sabemos que se andou a encher à conta da malta (como todos os outros que foram ao poleiro) e já sabemos que o gajo se vai safar na boa (como todos os outros que foram ao poleiro). Tipo, é a vida de um português médio, ser fodido e enrabado. Das duas uma, ou se calam de uma vez por todas, ou arranjam também um poleiro.
Giro é ver que ainda há idiotas que pensam que vivem numa democracia... yah, é isso e os elefantes voadores cor-de-rosa que me lavam o carro durante a noite.
Já para o lado de lá do Atlântico, a malta anda toda excitada com o Obama... como se um preto no Poder fosse a solução para a crise internacional. Bem, sempre é melhor que um bronco que não sabe que há mais regiões para além do Texas... de qualquer forma, antevejo um futuro negro. Para os americanos e para nós. Mas para os americanos, sobretudo.
Adoro os dias em que peço manhãs de trabalho para resolver assuntos pessoais. Sabem o que é giro? Em vez de responder a mails e telefonemas de pessoas mesmo chateadas com a vida e que acham que os informáticos são uns imbecis, passo a manhã a aturar um cabrão qualquer numa repartição de finanças e que acha que eu sou um imbecil. Porreiro, pah!
O que é brutal, no meio de toda esta problemática, é que vou aturar aquele conas para o meio da multidão enraivecida e o Governo não me paga para isso. Ao menos no trabalho, sou pago para dar a apoio psicológico ao pessoal...
"AHHHHH, AHHHH, AHHHHHH, nada funciona!"
"Não... não vamos entrar em pânico" - enquanto estou numa sala a arder e com os servidores desfeitos no meio do chão e um extintor nas mãos - "é uma situação temporária e vai resolver-se em minutos" (e ainda tenho de dizer isto como se estivesse perfeitamente calmo); ainda dizem que sou pessimista... foda-se, o extracto de valeriana faz mesmo milagres (ou então é da mistura com o Frei Bernardo do almoço do dia anterior).
Há uns tempos achei que seria positivo arrotar com o meu currículo para o LinkedIn... não é mais que uma rede social (tipo hi5) mas para profissionais. Para completar o meu perfil, juntei-me a uma série de grupos (maioritariamente nos States), mas que partilham dados acerca do trabalho que faço diariamente.
Agora tenho dois problemas.
Primeiro, não sei o que andam os trolls dos americanos a fazer enquanto durmo mas, de manhã, tenho 30 ou 40 mails dos vários grupos na minha mailbox; segundo... até entendo que me façam propostas de trabalho, mas caramba, têm de ser todas para Espanha??? Foda-se, o que se passa com esta gente? Eu já fico deprimido quando tenho de ir a Espanha em trabalho (coisa ocasional) e ainda me querem oferecer lá trabalho em permanência???
Para os interessados, a cozinha está quase pronta. Bom, pelo menos o cromo dos canos e azulejo vai embora no sábado. Agora entra a parte em que o Pato Marques e Companhia vão ao Ikea, trazem de lá uma bancada e montam na cozinha. Já nem me chateio muito com isso, o que importa mesmo é que no domingo já tenho fogão, e poderei fazer o meu primeiro jantar caseiro depois de duas semanas (foram duas semanas, não foram?).
Às vezes sinto-me um bocado ranhoso relativamente à forma como abordo as questões... todas, mesmo.
"Olá Pato Que Mora no Cú de Judas, tudo bem? Como vão os teus skills de bricolage? Bons? Porreiro, 'bora montar a minha cozinha?"
No fundo, o que é preciso é tacto. Isso e não abusar dos enchidos.
Já não consigo ouvir o bacano que veio cá ver a cozinha... hoje liga-me e diz: "olhe, hoje não entre na cozinha porque acabei de meter o chão"; "Foda-se, oh amigo, eu não entro na merda da cozinha há duas semanas..."
No domingo, já devo ter isto tudo arrumadinho, pelo que poderei recomeçar a minha vida normal, na sala. Isto de estar sentado na cama é muito giro, mas tenho as costas todas fodidas de estar encostado à parede. Depois acham estranho quando dou aqueles estalos brutais ao pescoço...

(momento de final do dia, convívio da malta no café junto ao trabalho: "Boa tarde, Imperial para o informático e Moscatel para o amigo"; "Moscatel não temos, o mais parecido é Favaios..." - às vezes pergunto-me se pertenço a esta galáxia; melhor só mesmo quando o mesmo gajo andou à procura de um queque de Mars...)

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