04/02/2009

não demora mesmo nada

Dentro de algumas horas, estarei a abandonar tudo e todos para ir novamente trabalhar além-fronteira.
Sempre que tenho de ir para Espanha, vem-me sempre à lembrança a musiquinha do 'Leaving on a Jetplane...'; a diferença é que contrariamente à malta da canção, não estou a acordar ninguém para me despedir.
Parece-me algo positivo, assim não chateio ninguém.
Nada de despedidas prolongadas, nada de choros nem abraços. Quinta-feira à noitinha estarei de volta à minha casa caótica e emporcalhada das obras, pronto para dizer qualquer coisa como "Casa, regressei".
Suponho que as paredes me abraçem... ou na melhor das hipóteses a forma mais afectuosa que as minhas quatro paredes arranjarão para me dar as boas-vindas, poderá ser um pedaço do tecto a cair-me nos cornos.
Não sei se terei tempo para escrever, a checklist de merdas a fazer antevê-se trabalhosa e longa para tão curto espaço de tempo. Possivelmente, será o habitual... escrever em offline à noite, no sombrio e gelado quarto de hotel, para publicar no dia seguinte com a data da noite anterior para que não digam que passo dia no escritório a coçar-me.
Mas já nem me dou ao trabalho de me chatear. As coisas aceitam-se como são e não como deveriam ser.
(em última análise tenho uma pilha de roupa suja, fofa, gigantesca e pronta a lavar, para abraçar no meu regresso)
Hoje, ao chegar a casa, vi o tarado cá do sítio.
Ok, não era um espelho... refiro-me ao bacano bipolar que corta os pulsos ocasionalmente e que me pede a moedinha para ir beber o café ao Bar dos Gnomos...
Tipo, adoro quando noto que pensam em mim e se preocupam comigo de forma perfeitamente desinteressada. Não sou parvo de todo, tenho jeitinho para topar estas cenas... mas a do gajo a saltar-me para o capot do carro enquanto estacionava e a gritar foi demasiado óbvia.
"Vizinho, vizinho, ao tempo que não o via... está tudo bem consigo? E eu que precisava de 50 cêntimos para o café..."
"Yah, obrigado pela preocupação... o estúpido que te paga o café esteve só a trabalhar, para te poder pagar mais um..."
O giro nisto é que apesar de pagar o café ao cromo apenas por ter pena dele, sem pensar em mais nada, não consigo deixar de observar que, mesmo que o fizesse com algum tipo de interesse, ia de certeza marrar com os cornos nos portões do Paraíso.
Mas isto já é como o caril que faço... às vezes pega no fundo do tacho, outras vezes não pega. Mas maioritariamente, fica lá agarrado.
Agora que olho bem pela janela, hoje, não há lua. O Gomes Freire está bem fodido... não há luar.

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