08/02/2009

óinc, óinc, ronc, ronc

Era uma vez um porquinho.
O porquinho era só um, mas achava piada a triplicar-se e a ser vários porquinhos ao mesmo tempo.
Então o primeiro porquinho, o porquinho mais inibido e idiota, andava a tentar fazer uma cabana com feno. Mas as cabaninhas com feno são um problema porque o vento quando sopra leva tudo atrás. O gajo lá fez a sua cabaninha mas, quanto mais feno metia para a construir, mais feno era levado.
Não me parece muito bem, porque o gajo até se esforçava mas, acabava sempre como tinha começado: sem telhado.
O grande problema do vento é a velocidade de rotação da Terra: quanto mais depressa o planeta gira, mais vento há. No caso do primeiro porquinho, podemos afirmar que o seu mundo girava sempre à velocidade da luz.
O porquinho iniciava o dia a construir o telhado e terminava-o sem uma parede.
Depois, enquanto segundo porquinho, o porquinho-mor era um porquinho ponderado mas, ao mesmo tempo indeciso. Contudo, era suficientemente inteligente para saber que devia meter um bocado de barro no meio do feno para consolidar tudo.
Só que este tipo de porquinho é sempre ligeiramente distraído e, consequentemente, esqueceu-se de fazer portas e janelas... então trepou ao telhado para tentar ver uma luz no fundo da cabana, e foi levado pela primeira rajada de vento.
Já enquanto terceiro porquinho, extremamente racional, construiu uma casota bem cimentada com tudo aquilo que uma cabaninha deve ter.
E como era muito inteligente, transformou a cabana num bunker para não ter problemas com o mundo, de forma a sentir-se sempre em segurança.
Colocou uma porta à prova de tudo, daquelas corta-fogo, que não deixam a fogueira do vizinho passar para o lado de lá. E uma janelinha pequenina, apenas para ter ar.
Então, o lobo mau passou nas cabaninha e viu o primeiro porquinho, suado que nem um porco (claro está) de tanto arrastar feno para tapar o buraco que tinha no tecto. Achou que tanto suor lhe provocaria caganeira e passou á segunda cabaninha... mas o porquinho tinha sido levado pela ventania e encontrava-se empalado numa árvore nas proximidades. O lobo já estava tão lixado que, ao chegar à terceira cabaninha, ao não conseguir entrar pela porta, pegou em dois garrafões de gasolina, despejou-os pela janelinha pequenina do bunker e atirou um fósforo lá para dentro. O porquinho teve uma morte lenta e horrível, enquanto o conteúdo dos seus rins e pulmões inchava com o aumento da temperatura, comprimindo o restante dos seus órgãos internos até, inevitavelmente, explodir numa mistela de entranhas e fumo que ficou colada às paredes da cabana.
Moral da história: mesmo que o feno insista em ser levado com o vento, a opção mais acertada é sem dúvida ir tentando. Em última análise, o lobo mau não o devora.

Sem comentários: