19/01/2008

Pastéis

De carne ou de maçã, um pastel é sempre um pastel.
Ou talvez não.
Os pastéis têm sempre aquele arzinho apastelado e deprimente. Possivelmente, serão dos alimentos mais deprimentes à face da Terra. Sem falar que convidam sempre a algo igualmente deprimente...
Um pastel e uma imperial, um pastel e um café, um pastel e... mais um, já agora.
A malta tenta uniformizar o aspecto dos pastéis. De facto, a convergência dos pastéis numa única massa social, leva-nos muitas vezes a pensar no porquê da existência pastelar.
É frequente entrarmos numa pastelaria e termos os pastéis todos em fila, esticados ao longo do balcão, como se de uma vala comum para pastéis se tratasse.
Depois, são todos iguais...
Muitas vezes olho para a vala, perdão, para o balcão... e fica-se com a sensação que voltámos a um campo de concentração alemão. Parece que os pastéis estavam a mais neste mundo e passou por lá um Herr Kilmer, Frank, Hitler ou algo do género e ceifou aquela pastelada toda.
E assim lá ficam apastelados, na sua condição pastelar, dezenas, centenas e milhares de pastéis, expostos à humilhação pública dos outros bolos e salgados que ostentam assim a sua pastelice.
O facto é que já não é a primeira vez que peço um pastel de carne e me dão um de framboesa; ou peço um de maçã e levo com um de queijo...
Penso que faz parte do Mistério do Pastel. Ninguém sabe ao certo - nem sequer o pasteleiro - qual o recheio do pastel.
Será o Pastel Mágico, eventualmente. Bom, não duvidava sequer que houvessem para aí lojinhas com pastéis de cogumelos mágicos...
E iria o Pastel para Hollywood, fazer uns filmes e dar origem a uma nova saga de pastéis.
"A Trilogia do Pastel", "O Bom, o Mau e o Pastel", "Pastel!" - porque não... mantendo a sua sempre sumária simplicidade... "Em busca do Pastel Perdido", ou então o meu favorito: "O Senhor dos Pastéis"
E ainda há aquela malta que se parece com os pastéis.
Tentem olhar um pouco para os estranhos que vos rodeiam. Quer seja quando estão num transporte público ou mesmo parados no carro, num semáforo.
Há de tudo...
A Pastel de Framboesa, docinha, docinha, mas sem qualquer conteúdo; o Pastel de Carne, na sua carrinha carregada de contrabando; o Pastel de Chocolate... não... esta seria demasiado fácil, lol; os pastelinhos de maçã, no banco de trás de um táxi, trocando húmidas opiniões entre a maçã golden e a royal...; e quem nunca mandou para o caralho um Pastel de Feijão que buzina porque não queria que deixássemos passar a velhota na passadeira? Até há os pastelinhos de arroz, vindos da escola, fazendo caretas nas traseiras da carrinha; o Pastel de Espinafres, sempre aproveitando para ler mais um pouco do seu livro, ou então o de Queijo, cujo cheiro se sente à distância, sempre agarrado a... bom, não interessa, mas garanto que esse é dos que conduz só com uma mão.
O mais interessante de todos acaba sempre por ser o Pastel de Pato... é facilmente identificável: fala sozinho no carro e mantém um assustador olhar fixo e distante enquanto 'examina' os passageiros dos carros ao seu redor... e depois ri-se sozinho, quando pensa em mais um texto de merda (diria mesmo apastelado) para o seu blog.

Cumprimentos Patinos (e bom apetite...)!

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