Sejamos honestos.
Normalmente quando se fala em "departamento de informática" pensa-se imediatamente numa sala sem janelas, preferencialmente numa cave, com vários computadores e telefones por mesa e pilhas e pilhas de material velho.
Na realidade, pelo menos nos locais onde já trabalhei, nada pode estar mais longe da realidade.
Acaba por ser uma divisão semi-central, próxima dos utilizadores finais onde até há malta normal a trabalhar (não vou refutar a dos vários computadores por mesa...).
Isto apenas como uma breve introdução a algo que não está relacionado com informática mas que começa por essas bandas.
Simplificando. A minha sala de trabalho tem uma parede de vidro onde está gravada uma frase em letras brancas. Diz qualquer coisa como: "de nada vale ao Homem tentar conquistar a Lua se acaba por perder a Terra".
Dá que pensar, certo?
Por um lado, há momentos na vida em que arriscamos tudo para alcançar algo, mesmo sabendo que podemos perder o que já teríamos garantido caso não arriscássemos; por outro lado, se não arriscarmos, nunca saberemos o que poderíamos ter ganho.
Penso que o que importa pesar é se o que pretendemos alcançar compensa o risco do investimento. Independentemente do tipo de investimento, desde simples horas que podemos dedicar a algo ou a alguém, até algo mais financeiramente palpável.
Todos os dias, antes de entrar na sala, dou uma espreitadela à frase com a minha visão periférica e largo um breve sorriso. Um sorriso interior, claro. Afinal, contrariando o Elton John, i'm one of those who can easily hide... pelo menos algumas coisas. Depois queixo-me.
O sorriso parte do simples pensamento que é o facto de saber que o autor da frase estava enganado.
Claro que vale a pena tentar conquistar a Lua.
Obviamente, depende um bocado de quem é a Lua. Ou do que é efectivamente a Terra.
Mas parece-me que a grande questão reside no facto de, muito concretamente, não conseguirmos suportar a Terra se não tivermos a Lua. É um facto cientificamente comprovado que a Lua afecta as marés e até a disposição das mulheres. Muitas vezes é a Lua a culpada por recebermos uma resposta 'torta'... talvez pelo facto de ser mulher, a Lua tenha algum peso na mente feminina.
Logicamente, é sempre necessário perceber o que é a Lua.
Há que analisar sempre o que para cada um de nós se pode considerar como sendo a Lua. E, há também que entender o que classificamos como sendo a Terra.
Errado, é pensar que a Lua fica à nossa espera.
Já Júlio Verne afirmava que tudo o que um homem sonha, os que se lhe seguirem poderão efectivamente fazê-lo ou melhorá-lo (era qualquer coisa assim).
Então analisemos o seguinte.
Eu quero a Lua. Contudo, sou um calhau com pernas e fico-me apenas pelo desejo de ter a Lua.
Sejamos francos... se eu quero a Lua, o que mais não há-de faltar são outros tipos que também a querem.
E se um gajo não procura efectivamente colocar mãos à obra e conquistá-la... mais cedo ou mais tarde os americanos ou os russos chegam lá.
"Ah, e tal, porque eu tinha medo de arriscar e perder o que era certo na Terra".
"Ah, e tal, és um calhau".
É verdade que podemos arriscar muito para conquistar a Lua.
É verdade que até existe a hipótese de que a Lua não queira ser conquistada por nós. Afinal, tudo no Universo tem a sua própria vontade (esta última foi poética).
Mas... e se quiser? E se por uma ideia de merda, não avançámos, não caminhámos à conquista? Nunca saberemos. Ou então saberemos mais tarde e iremos arrepender-nos o resto da vida porque preferimos ficar na Terra, sentados na poltrona a olhar para o nada que foi conquistado.
Portanto, o gajo da frase (falando nisso, parece que era François Mauriac), estava decididamente enganado.
Se a Lua está ali, ao alcance do olhar... mesmo estando nós na Terra, mesmo estando a Lua a vários quilómetros de distância, onde quer que esteja, como quer que esteja (será mesmo feita de queijo?), por que não arriscar?
Que se lixe a Terra. A ideia base é dar tudo por tudo pela Lua. Uma coisa não poderá fazer sentido sem a outra, e vice-versa.
É o Princípio da Atracção dos Corpos.
E nós, estamos no meio.
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