19/03/2008

blá, blá, blá... sem interesse algum

Sou uma espécie de animal de hábitos.
Contrariamente ao que muita gente pensa, não sou assim tão anormal.
Certo, tenho atitudes de perfeito anormal, muitas das quais acabei já por revelar nesta pérola que é a blogosfera. Outras, porém, mantenho em modo hide, como se de ficheiros de sistema se tratassem. A malta já me acha suficientemente esquisito e, acredito que se me ponho a revelar as minhas histórias mais obscuras (obscuras no sentido de escondidas, não em sentidos 'sujos', lol) o mais certo é acabar os meus dias num lar de idosos com a boca ao lado e a babar, com mais malta à volta no mesmo estado. Sem visitas.
Isso assusta-me um bocado. De facto, a razão para ser um tipo tão fechado assenta mesmo na realidade de que assim conheço menos pessoas, o que é óptimo, porque se não as conhecer, um dia não acabarei a ter pena de mim, caso me deitem para o lixo. Bem sei que é altamente marado, mas gosto de ponderar todas as hipóteses e simular mentalmente todas as situações em que poderei vir a estar metido.
Tarado não. Prudente.
Agora perdi-me... já não sei exactamente onde ia. Mas penso que o que há a reter é que sou uma pessoa (ou não) normal, embora diferente.
Lamento muito se não salto que nem um doido quando passa um rabo na rua... lamento imenso em divertir-me mais a observar os comportamentos da malta na esplanada que um par de mamas na mesa do lado; ah, e já agora, perdoem-me se não sou tão ambicioso como eventualmente deveria ser. Sou ambicioso, é um facto, mas também sou racional. Gosto de pensar e ponderar bem as coisas antes de tomar uma decisão. Talvez por esse mesmo motivo, sinta bastantes vezes que 'cheguei tarde demais'. Agora que falamos nisso, peço desculpa pela minha insegurança... essa sim, causa estragos brutais. Catastróficos. Apocalípticos.
Tenho muitas outras coisas a lamentar e muitas pessoas a quem pedir desculpa. Infelizmente, fruto de anomalias na minha personalidade, tenho tendência a fazer merda.
Não me parece ser o momento, nem o local (eu disse local... lindo...) para revelar estes problemas.
O que quero dizer é que a minha normalidade, apesar de invulgar, faz-me ser um tipo com os seus hábitos, manias e taras.
É fácil passar-me, mas gosto de ver a tampa da sanita para baixo. Não me chateio muito se tenho a secretária carregada de papéis, livros, post-its e cd's... mas enlouqueço com a merda do flutuante a quebrar junto às portas. Isso e o fole da alavanca das mudanças que tende a levantar ligeiramente aos 90º do I Quadrante, sempre que meto uma segunda... arghhhhhhh!!!! é de loucos.
Contudo, mais que passar-me com estes detalhes, é lidar com as dúvidas relativas ao meu profissionalismo.
Ok, tirei o curso à noite. E então? A malta não tem culpa se o dinheiro dá jeito... e o meu morre de solidão, na carteira. Um gajo vai trabalhar de dia, para poder estudar à noite e ter um curso superior. Parece-me lógico.
Nunca critiquei, nem critico quem estuda de dia. Acho bem, é óptimo. Mas há malta que tem de o fazer à noite. Agradeço que também não critiquem.
Não sou melhor nem pior que a malta que estuda de dia.
E é um erro pensar-se que estudei menos porque fiz o curso à noite. Não foi mais fácil.
Foram imensas, as noites de marranço. E, quando já trabalhava a full-time, era um pesadelo, acordar às 6.30, para ir trabalhar até às 18, para voar depois até à faculdade, sair às 23, jantar às 00.00, arranjar tempo para estudar, dormir e... estar novamente a pé às 6.30.
É um facto, não caí para o lado nas festas da tuna, não emborquei que nem um doido e nunca acordei na tarde do dia seguinte com uma morena ao lado. Em contrapartida, fiz excelentes amizades e trabalhei com os melhores técnicos do mercado. Não há volta a dar, são mesmo bons.
Irrita-me que desvalorizem a minha licenciatura só porque foi feita no horário das 18 às 23...
O que me leva ao segundo ponto da análise... a competência.
Não sou o melhor informático do mundo. Não estou sequer ao nível dos melhores. Não sou um técnico excelente. Contudo, orgulho-me de ser um técnico muito bom.
Detesto falhar. Para mim, o trabalho é um desafio. Posso não saber como resolver um problema mas, tenho a capacidade de descobrir como o vou resolver. Sim, é fácil passar-me e dar pontapés nas coisas se os problemas persistem. Mas, maioritariamente, resolvo.
Irrita-me que pensem que só ajudo as meninas. Não é verdade. Quando estou a trabalhar, não faço divisões por sexo, idade ou categoria. Vejo pedidos de apoio, vejo prioridades, encontro soluções.
Ofende-me quando se pensa o contrário. Como se eu, quando me baixo para verificar um ponto de rede, estivesse mais interessado em ver se há ou não alguém de saia... sou um profissional, vou reparar um ponto de rede, é um ponto de rede que vejo.
Duvidarem da minha capacidade técnica, da minha integridade, do meu poder de análise durante o serviço, é duvidarem de mim, enquanto profissional que sou.
Ao telefone, por email ou on-site, não sou um homem, não sou um pato, sou um técnico.
Nesses momentos, faço aquilo que sei de melhor. Faço aquilo para que fui treinado e desenvolvo trabalho coerente com o que aprendi ao longo de anos de estudo.
De dia, à noite, não interessa. Aprendi. E sou um bom profissional.
Com estas coisas um dia ainda me passo e atiro com um router à cabeça de alguém.

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