Uma vez por outra, gosto de fazer algo estúpido.
Atirar-me em camisa para a rua quando chove torrencialmente, misturar um bolo de chocolate com café, meter os pés pelas mãos com alguém que não o merece ou, como foi mais recentemente o caso, aceitar a ideia de um amigo a fazer dieta para uma caminhada em passo acelerado para os lados do Parque das Nações.
A ideia parece ser interessante mas, não esqueçamos que sou um pato urbano... selvagem, mas sedentário. A alimentação diária baseia-se em coisas mais rápidas e oleosas, sendo que apenas ao fim-de-semana, com algum tempo, me consigo dedicar aos meus parcos dotes culinários. Para agravar a situação, na falta de melhor programa, a vidinha é passada maioritariamente na posição 'sentado' trabalhando incansavelmente os músculos e articulações do cérebro e da ponta dos dedos.
Assim, uma caminhada de poucos quilómetros, feita uma vez a cada três meses, pode tornar-se num penoso pesadelo (como se não bastassem os que tenho).
Vamos então embora caminhar, sempre com a inseparável máquina fotográfica.
Descobri então, para os confins da Expo, já no rio Trancão, que os meus primos cisnes andam por ali.
Devo dizer que fiquei muito feliz.
Os cisnes são animais nojentos que se acham superiores aos Patos.
Os patos são vistos como os membros inúteis e ignorantes da família. E são porcos e pouco simpáticos. Gostam de passear com a sua pata e não querem que os chateiem. Aliás, passar despercebido é uma das grandes características dos patos. É isso e andar sempre na merda.
Desta forma, adorei ver um primo meu, habitualmente de pescoço erguido a criticar os patos, a chafurdar que nem um porco no meio do esgoto que é o Trancão. Lindo. Tenho fotos.
Dúvidas houvesse... está aqui a prova! Há cisnes no Trancão.
Apesar da felicidade que irradia do meu espírito de pato, a estupidez de ter ido fazer a caminhada sem ir ao ginásio há séculos, fez-me ter dores nos músculos das pernas e do rabo, muito semelhantes aquelas que se têm quando se leva com uma bola medicinal nos jardins suspensos. É outro tipo de dor. E mais deslocalizada... mas dói que se farta. Uma vez mais, uma massagem seria agradável.
Falando em agradável, está a chegar a Primavera, a época do cio. Já perto da Torre Vasco da Gama, pude observar uma jovem a cozinhar ao sol com o seu eventual namorado, deixando a cuequinha de fora para a malta ver. Imaginem a zona dos bares do Parque das Nações, no passeio junto ao teleférico.
"Ora, um candeeiro,um teleférico, um candeeiro, um teleférico, um candeeiro, uma cueca preta, um teleférico..."
E ainda podia ser algo... digamos... substancial... mas não... era bastante similar a um saco de lixo com pernas. Ou então sou eu, que sou esquisito.
Lol. Lembrei-me agora de uma conversa que tive há pouco tempo acerca da sensualidade da roupa interior preta. Sensual?... não no modelo que vi na Expo!!!
Não tirei fotos. O namorado dela era um gajo grande. Aliás, como ela... ainda levava nos cornos.
Largando um pouco a javardice, cheguei hoje a uma brilhante conclusão.
Posso ser um cozinheiro razoavelmente bom. Pelo menos, a malta não se queixa.
Contudo, não consigo fazer o prato aparentemente mais simples do mundo.
É embaraçoso... mas nunca consigo estrelar a merda de um ovo sem que este fique colado à frigideira ou, no caso concreto de hoje, ao fogão.
Há quem aplique a expressão 'nem um ovo sabe estrelar'. No meu caso, é mesmo só o ovo que não sei estrelar. É estúpido, mas sou capaz de fazer qualquer tipo de prato. Menos ovos estrelados.
Ficam sempre com o aspecto de mistela semi-frita, com a gema voltada para baixo...
Hoje, o ovo explodiu. Literalmente. Não sei o que fiz de errado, mas num dado instante do espaço e do tempo, o ovo deixou de estar na frigideira e passou em pequenos pedaços para o avental, parede, fogão, chaminé e chão... atingindo ainda o lava-louças... deu trabalho a limpar :(
Que merda. E depois andar de rabo para o ar a limpar quando nem sequer sentimos os músculos da cintura para baixo.
Bom, quase todos. Não todos.
Também não interessa.
Vou ver se durmo mais quatro horas.
Cumprimentos patinos.
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