06/02/2008

Absurdos

Ontem fui ao Pingo Doce.
Uma das lojas mais normais, daquelas enfiadas no meio dos bairros, longe da agitação 'hipermercantil' de lojas mais afastadas do centro da cidade.
Lá encho a cestinha e vou pagar. Depois de esvaziar a cesta no tapete rolante, passo normalmente pela caixa, pronto para pousar a cesta e pagar. De repente, o alarme da caixa começa a soar... notando que algo não estava bem, dignei-me a retirar os headphones dos orelhudos pedaços de carne e cartilagem que tenho nas laterais cranianas para tentar perceber o que a jovem da caixa me queria dizer (e não, não era o preço...).
"Ah, sabe... a cesta tem de ficar do lado de dentro da loja..." (os gajos metem alarmes nas cestas... liiiinnnndo)
Já com os sensores de ironia e sarcasmos a dar o toque, olhei para trás de mim... à vontade umas dez pessoas na fila e, de facto, uns ditos suportes para as cestas lá bem ao fundo.
Para não me chatear disse apenas:
"Ah... pois, bom para si..."
A jovem da caixa olha-me com um olhar irado como se fosse a coisa mais normal do mundo esvaziar a cesta a cinco metros da caixa e ir para a fila de pagamento com os congelados na mão; creio que na verdade ela estaria mesmo à espera que eu abandonasse as compras na caixa e fosse colocar a merda da cesta onde ela queria.
Não é que não o fizesse... mas achei que seria contra os meus princípios - até porque por muito tarado que seja, nunca me passou pela cabeça andar a passear as compras na mão quando podia levar a cesta até à caixa.
Então ela insistiu, com um risinho amarelo, como se estivesse a falar com um imbecil:
"Não, não, não está a per-ce-ber..." - separando as sílabas desta forma... - "não pode deixar a cestinha aí junto à caixa, tem mesmo de recolocá-la lá dentro".
Este é o ponto em que me passo completamente, estoiro e dou uns berros dentro da loja...
"Vamos a ver! Olhe, se faz assim tanta questão, leve-a você!"
Podia ter explicado os meus motivos, que tal lógica não fazia sentido, mas seria muito para ela...
Aliás... lixado como já andava, teve muita sorte em não a ter mandado à merda a ela, às compras e ao Pingo Doce.
De qualquer forma, era bem mandada. Largou a caixa e foi ela mesmo colocar a cesta dentro da loja...
Creio que há algo a retirar desta história... se pensam que eu sou doido, a jovem da caixa do Pingo Doce deve ter mesmo taras fortes... com a ideia fixa com que estava, deve ser daquelas que fazem castração nocturna a um gajo. Daquelas com quem convém dormir com um olho bem aberto, não vá uma faca ou tesoura deslizar até zonas perigosas... e acordarmos com um enchido na mão. Solto.

Postais.
De Natal, Ano Novo, Dia dos Namorados.
Certo. Faz algum sentido nos dois primeiros casos.
Vou então reformular.
Postais.
Do Dia dos Namorados, Dia da Mulher, da Mãe, do Pai... postais desse tipo.
Sempre que vou a um desses websites que fornecem cartões para enviar por email, reparo em algo deveras estranho.
Há sempre uma opção merdosa no final que refere qualquer coisa como "carregue aqui para enviar a mais destinatários".
Faz todo o sentido, sem dúvida alguma... isto porque um tipo normal tem cinco ou seis "mais que tudo", dez mães e quinze pais...
É uma pergunta lógica. De facto, é a situação mais normal deste mundo. "Deseja enviar o seu cartão a mais alguém?" É... deve ser... a malta envia a três ou quatro diferentes, não vão as coisas dar para o torto... deve ser o conceito de 'plano de contingência' para os e-cards...
É isso e o gajo que entra na papelaria... "Tem cartões que digam 'Ao meu único Amor'? Fixe, dê-me aí uns vinte.."

Continuo a achar uma boa merda enviarem-nos os recibos do ordenado com a indicação da quantia que retiraram para dar ao Estado.
Estraga o dia a um gajo.
É do género: "Toma lá o teu ordenado... Ah, e sabes o dinheiro extra que dava mesmo jeito para as férias, para as obras lá de casa ou para outra coisa qualquer? Podes dizer adeus... Nunca mais o irás ver!!! Ah, aha! Foi para o buraco negro orçamental! AH, AH, AH..."
De facto, sei mesmo que a partir do momento em que entrou nos cofres do Estado, desapareceu. Desapareceu no formato de mais uma viatura de topo para mais um administrador ou secretário de estado, ou para uma qualquer extravagância de um rabeta qualquer de S. Bento.
O meu dinheiro não vai abrir escolas, urgências hospitalares ou servir para aproximar o Interior do Litoral. Trata-se única e exclusivamente de uma espécie de roubo legal, agendado para todos os finais de mês da minha vida profissional.
E isso é chato.
...

Sem comentários: