02/02/2008

carnavais

Não sei porquê mas, tal como outras tantas coisas na vida, nunca morri de amores pelo Carnaval.
Nunca gostei de brincar mascarado, pregar partidas idiotas (guardo isso para o 1º de Abril) ou andar a gritar feito doido pelas ruas.
A única coisa que realmente tinha piada era ver as bundinhas (e não só...) brasileiras desfilando pelo sambódromo. Sim, nos bons e velhos tempos em que só tínhamos as brasileiras a desfilar na televisão, era espectáculo para a noite toda ficar a ver as maravilhas exóticas de além-mar.
Agora, com a massificação do culto da bunda e da teta, já nem isso tem graça.
Aliás, gosto especialmente da forma como anunciam alguns carnavais... "O Carnaval mais brasileiro de Portugal...". Ena... é isso e ver o Professor Caramba como Rei do Carnaval de Merdice-a-Velha.
Hoje em dia há bundas a desfilar por tudo quanto é sítio. Como tal, perdeu-se a mística da raridade.
Por que é que os Ferraris são tão cativantes? Lá está, porque são peças quase únicas, raridades apenas ao alcance de alguns.
As bundas eram assim... agora não passam de Fords, Hondas e afins... :(
De qualquer forma não resisto à piada refundida da noite: há aquelas peças tão raras, tão raras e cativantes que... puff. Existem, não existem, não passarão de alucinações?
O Carnaval nunca teve assim tanta emoção...
Creio até que algures aqui no ninho tenho uma foto da minha nobre pessoa vestida de Abelha Maia e a chorar que nem um perdido.
Normal... qualquer puto com 2, 3 anos vestido como um animal que é enrabado por um pato preto chamado Calimero choraria que nem um perdido.
Este ano até estive tentado a abrir uma excepção.
Na segunda-feira poderia ir mascarado para o trabalho.
Até tive uma ideia brilhante.
Arranjava um fato preto ou vermelho e uma foice à 'coisa' e umas roupas rasgadas e umas correntes para mim. Faríamos um excelente par com o tema "O demónio e o condenado"...
Creio que finalmente consegui ter uma piada engraçada... ou não.
Falando em carnavais, foram hoje os funerais dos putos assassinados em Rio de Mouro.
Ao que parece, a polícia esteve presente, mas à paisana.
Na realidade, não foi assim tão à paisana como possamos pensar.
Não iam fardados, é um facto, mas eram os únicos brancos naquela zona... Ya... facilmente identificáveis.
De qualquer forma não haveria grande diferença.
Diariamente há por aí uns tipos mascarados de polícias a fingir que nos protegem e uns palhaços mascarados de médicos de emergência a fingir que salvam vidas... só me chateia por dois motivos: o primeiro é que são os impostos aqui do macaco que lhes pagam os ordenados; o segundo é que essa merda faz-me acreditar que é sempre Carnaval.
Acho que no ano passado usei uma afirmação idêntica... devo estar a ficar velho e a perder qualidades. Qualquer dia ainda fico sem leitores.
Para além da cena da Abelha Maia só me lembro de mais duas máscaras... a de cowboy (mas dos duros, não dos rabetas da Montanha do Rabo Partido) e a de Zorro. Acho que era mesmo opção minha, mas nunca quis mascarar-me de outra coisa. Era sempre Cowboy, Zorro, Cowboy, Zorro... era mesmo tarado...
Bom, como a maior parte da malta já deve desconfiar, não sou exactamente um Pato.
Sejamos lógicos. Apesar de serem as únicas aves capazes de matar um tubarão bicando-lhe os olhos, os patos não falam, andam, conduzem ou desempenham outras tarefas humanas. Na verdade, até o escrever num teclado seria demasiado complexo para um tipo sem dedos.
Há que ser prático. Um tipo com asas nunca conseguiria coçar os jardins suspensos. Eventualmente esfregar... mas não coçar...
O facto de ser pato é mesmo numa abrangência muito mais metafórica.
Dessa forma, pensei até em mascarar-me de pato. Era fácil.
Cobria-me de mel (isto agora teria muitas interpretações... muitas delas obscuras) e atirava-me para um monte de almofadas de penas estrategicamente rasgadas. Umas mangas compridas resolveriam o problema dos patos não terem mãos e, quanto às barbatanas... bom, quando estou descalço os meus pés assemelham-se mesmo muito a umas barbatanas. Bastaria manter os dedos juntos e não teríamos problemas.
A única coisa impeditiva de vestir tal fantasia seria o rabinho característico dos patos. Teria de enfiar um espanador no recto e deixar as penas de fora. Para além de acreditar que seria deveras desagradável (porque deste rabo só saem coisas, não entram) creio que não teria coragem para tal.
Assim, elimina-se a fantasia de pato.
Enfim...
Na minha brilhante condição humana e metaforicamente patina, tentarei sobreviver a mais um Carnaval, evitando heroicamente os ovos e balões de água que costumam cair das janelas por esta altura, e vestindo a minha já famosa bipolar fantasia: a de informático tarado durante o dia e de escritor frustrado, solitário e nojento durante a noite.

Divirtam-se patinamente.

Sem comentários: