11/02/2008

Mais um ano

Ora aí estamos na recta final para o dia de S. Valentim.
Para quem não sabe, Valentim foi bispo durante o governo do Imperador Claudius II (isto segundo a wikipedia... até posso estar a referir uma gigantesca asneira); parece que para fomentar o crescimento do exército, o Imperador proibiu os casamentos... a lógica seria qualquer coisa como 'se não tens família, alistas-te no exército'... basicamente, um gajo agarrava-se ao pau, ou melhor, à espada, e ia para a caserna.
Parece ligeiramente desagradável. Lembra a vida de alguns patos. Mas sem a caserna.
Acontece que o Bispo continuou a celebrar casamentos em segredo, até que foi descoberto e condenado à morte.
Enquanto esteve preso, aproveitou para papar a filha do carcereiro, que era ceguinha... também enquanto esteve preso, os jovens escreviam cartas e atiravam flores dizendo que ainda acreditavam no amor. Parece fofo. Daí que a tradição dos bilhetinhos se tenha mantido até hoje. É a escrita ao condenado.
A melhor parte vem agora.
O Bispo Valentim foi decapitado no dia 14 de Fevereiro de 270 d.C.
Assim, o que a malta celebra, não é mais que o corte de mais uma cabecinha.
Eu bem falo na castração nocturna, mas ninguém acredita...
Parece-me a mim que a própria circuncisão não é mais que uma metáfora muito particular ao dia dos Namorados que, por sua vez, se baseia também no corte de uma cabeça.
Confesso que para post do Dia dos Namorados isto está a tornar-se um pouco nojento demais.
Aliás, para os leitores que me conhecem, isto para post começa a deixar um pouco a desejar... devia ser uma escrita bem mais deprimente e repressiva.
De facto, gosto do facto da malta celebrar a morte de um bispo. Parece algo coerente.
"Meu caramelozinho de leite coberto de chocolate... toma este raminho de flores como prova do meu amor e símbolo deste dia em que um gajo qualquer foi decepado"
É uma onda um pouco mórbida... mas há gostos para tudo.
Havia um que se cortava para a namorada 'beber' o seu sangue... isto parece-me ser deveras estranho.
Claro que depende de muitos factores, passando pelo local do corte até à forma como o sangue era retirado. De qualquer forma parece-me que há fluidos bastante mais interessantes para serem 'trocados' sem ser o sangue. Afinal, não somos mosquitos...
O Dia dos Namorados parece ser também uma espécie de Natal. Ao longo do ano, temos os casalinhos às turras, encornando-se uns aos outros mas, ao chegar o S.Valentim... "Meu amorzinho...".
E assim permanecem por mais umas horas, até ao raiar do dia 15 de Fevereiro.
Na verdade, poucos são os que fazem efectivamente alguma coisa para que seja Dia dos Namorados todos os dias. Ao que parece, cerca de 90% da malta apenas quer uma noite de quinta para quarta.
Só 10% captam a verdadeira essência da situação.
Mas enfim... a malta parece gostar... animais de merda.
E depois há sempre toda a cobertura publicitária em torno do Dia de S.Valentim: "Surpreenda a sua cara-metade neste dia...".
Foda-se! A cara-metade não quer ser surpreendida no S.Valentim!!! Isso é algo previsível... depois é aquele sorriso amarelo: "Ah... que bom... uma surpresa...!"; a cara-metade quer ser surpreendida é quando não está à espera, o que torna a situação numa efectiva surpresa.
Será assim tão complicado entender esta merda?
Na volta sou eu que estou enganado... afinal, sou eu que vou passar mais um 14 de Fevereiro sozinho.
Eventualmente deverá haver alguma relação.

Enfim. Tecnicamente, a malta deve então é divertir-se, surpreender alguém especial com algo que não será uma surpresa e, acima de tudo, festejar mais uma cabeça no balde.

Altamente.

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