05/02/2008

patos

Os patos não são frágeis.
Pelo contrário, os patos são animais complexos, trabalhosos para capturar.
Iludam-se aqueles que pensam que um pato vai a voar e, de repente, cai no chão para ser abocanhado por um retriever ou canino parecido.
A fragilidade patina é um mito.
Somos animais duros. Podemos estar carregados de complexos, incertezas, inseguranças, dúvidas existenciais... contudo, é preciso mais do que um piano de cauda atirado de um vigésimo andar para rebentar connosco.
Conseguimos ferver em pouca água, é fácil termos as entranhas aos saltos pedindo-nos para rebentar com qualquer coisa... mas a calma e serenidade que passamos ao mundo é a de que somos os animais mais felizes à face da Terra.
Aparentemente, os patos não têm problemas; de facto, os patos são é efectivamente o seu próprio problema.
Somente alguns priveligiados nos conhecem realmente. E, mesmo os que têm esse privilégio, dificilmente conseguirão encontrar o cerne e a motivação que nos leva a pensar de determinada forma, a fazer as coisas de determinada maneira, a dizer o que devemos e o que não devemos.
Os patos escondem-se nas sombras da web, passando ao seu fiel teclado os seus sentimentos mais recônditos como um pianista faz com o seu piano.
Temos a nossa quota parte de estupidez; somos impacientes e teimosos q.b.; mas definimos objectivos e lutamos por eles. Nunca ninguém teve coragem de se colocar entre um pato e o seu destino.
Podemos atravessar tempestades, frio cortante ou ondas de calor que nos queimam as pontas das penas direccionais; podem tentar desviar-nos do nosso rumo, baralhar-nos ou até mesmo tentarem abater-nos.
Parece simples mas quando um pato levanta voo, sabe exactamente onde vai aterrar. Até poderá desfazer-se a tentar, poderá tombar na sua derradeira aterragem mas sabe que é algo que tem de fazer. Por si e por todos os patos.
Os patos são parvos, é um facto assente.
Sabem que podem rebentar-se todos a tentar aquele que poderá ser o seu último voo.
Ouvi algures que a vida era demasiado curta para desistirmos sem dar luta.
Os patos levam a máxima muito à letra, mesmo. Os patos não desistem, é só.
Podem esperar dias, aguardar meses, lutar durante anos mas... até ao dia em que o seu pescoço é uma vez mais torcido ficando com a cabeça pendente no seu orgulhoso peito, desistir daquilo em que acreditam é algo que não está ao alcance do seu vocabulário.
Sabem que há aterragens duras (e se o sabem...), sabem que o seu voo nunca é garantido, mas... um pato que acredita é um perigo. Desafia tudo e todos para levantar voo e aterrar.
Os simples humanos dão o seu melhor; os patos oferecem a sua condição patina.
Os simples humanos desistem com medo da queda; os patos sabem à partida que as probabilidades estão contra eles e poderão magoar-se seriamente a tentar.
Os simples humanos encaram tudo como uma nova aventura; os patos sabem que existe uma única aventura: a sua vida - e dão tudo por tudo para conseguir o alinhamento perfeito com a felicidade. Pelo preenchimento das zonas despovoadas do seu ser.

***

A pedido do meu amigo Pato Afonso que anda a começar a encontrar em si a depressão já característica em mim, peço aos meus leitores que façam um exercício. Tentem ao menos salvar aquele pato, já que este não tem cura...

Suponham que são Engenheiros Informáticos e que amanhã uma catástrofe natural ou coisa parecida destruirá o mundo como o conhecemos... será uma nova Idade da Pedra.
Enquanto informáticos, o que poderão fazer para ajudar a reconstruir o Mundo?
Isto é sério... pensei que era só eu que tinha estes problemas mas, com o Pato Branco a pensar assim começo a ficar realmente assustado. A ideia é eu ser o Pato Preto, o pessimista, o infeliz com a vida e ele ser o Pato Branco, o optimista... a web é pequena demais para dois patos pretos!
Larguem as vossas sugestões por aqui. A malta agradece!

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