26/08/2008

anjos num sítio qualquer

Há uns anos passou uma série que se centrava num tipo que tinha SIDA e era homossexual.
Não me recordo bem disto, mas acho que era "Anjos na América" ou "Anjos num sítio qualquer"... enfim, eram Anjos e pronto. (se alguém com boa memória se lembrar... a cena dos comments está mais abaixo)
Havia uma qualquer ponta solta de humor negro que me fazia achar alguma piada a toda a estratégia do argumento associada à morte e ao limite da vida.
Talvez conseguisse encontrar mais piada na busca incessante de um moribundo pelo porquê do seu destino que ao Sete Palmos de Terra.
Afinal, existe sempre um humor semi-cruel na busca pela verdade e na constatação humana de que estamos divinamente fodidos.
Acompanhei fielmente os episódios todos sentado na alcatifa da sala (antes de ter o flutuante) que, de uma forma sádica e masoquista, me ia arranhando e marcando o rabo ao longo de 45 minutos. Era a minha forma de solidariedade com a personagem principal.
Recordo-me vagamente que no final da série, o gajo, já mesmo quase a morrer, lá conseguia uma audiência com Deus. Então, descobria que as merdas no Mundo Terreno andavam todas fodidas porque Deus tinha tirado férias, cagado na malta e deixado tudo a cargo de um Conselho de Anjos que ainda fodiam mais as coisas.
A sério... há um humor mesmo rebuscado latente em toda esta merda.
Compreendo que achem que estou completamente passado dos cornos e que deva ser um sociopata para achar piada ao sofrimento de um gajo. Ahh, mas vá lá... temos de arranjar motivos para eu achar piada a alguma coisa!
Afinal já começa a custar arranjar piadas manhosas para me rir e fazer aquele 'ronc ronc' semi-trongo quando o ar passa a alta velocidade pelas minhas narinas encobertas pela rinite alérgica.
Pergunto-me se não haveria mesmo alguma forma de verdade em toda estrutura criativa do argumentista.
Eventualmente Deus foi mesmo embora. Se até os humanos se cansam e viram costas ao pecador, porque não um tipo que, tecnicamente, tem de carregar sozinho o universo?
Acho apenas que da forma como as coisas caminham na Terra, nem sequer Conselho de Anjos tivemos direito a ter.

2 comentários:

mig/mag disse...

é engraçado cm a memória é selectiva. eu adorei essa série - sim chama-se anjos na america - e n me lembro de metade das coisas que disseste. lembro-me da personagem gay que era judeu, o ex-namorado, o namorado cheio de dúvidas (a.k.a marlboro man), a mulher deste (interpretada pela excelente Mary-Louise Parker, a nancy do Weeds), o enfermeiro gay - uma personagem cheia de piada que dava luta à personagem do al pacino. lembro-me da cena em que o anjo - emma thompson - destrói o tecto do quarto. e lembro-me sobretudo da cena final, que achei bastante poética - no central park, ao pé daquela famosa ponte (Bethesda):reunem-se as personagens da meryl streep e os três gays da historia e conversam sobre o futuro, bastante optimistas. é sempre bom qd uma série acaba com uma mensagem positiva. digo eu :p

Pato Marques disse...

É sempre bom quando as séries acabam com uma mensagem positiva, sim... lol. Contrasta com a realidade, em que nada parece acabar bem...