14/08/2008

normal

Tenho a leve sensação que, assim que as férias terminarem, vou precisar de férias das férias.
Mesmo em frente ao computador, as férias arrastam-se entre uma peculiaridade de uma pseudo-incursão na profissão de enfermeiro, misturado com serial-killer.
Se por um lado se tem de viver com o pesadelo da Coisa mais as suas diárias enfermidades, por outro imagina-se a cena dela a deslizar escadas ou janela abaixo, qual pombo sem asas, desfazendo-se debaixo da carreira 12 da Carris.
A indiferença assume proporções Gulliverianas (enquanto em Liliput, claro está) quando nos apercebemos da felicidade da malta por amanhã ser feriado. Eu penso apenas: "foda-se...".
De qualquer forma, a semana está quase, quase a terminar. Em breve, faltará somente mais uma semana para voltar à guerra diária dos serviços de informática (fora de casa, pelo amor de Deus).
Tenho pena de não ter amigos a estudar medicina (pelo menos acho que não tenho... espero não me estar a esquecer de ninguém :S)... ou amigas... a cena das fardas continua a suscitar o meu particular interesse. Gémeas. E batas de médicas. Ou enfermeiras. Enfim, voltando à história.
Sempre poderia doar a Coisa à ciência. Eventualmente para testes de risco ou uma merda semelhante.
De facto, o leque de doenças que a senhora consegue ter é fantástico. Constipação à segunda, prisão de ventre à terça de manhã, vómitos à terça à tarde, ciática à quarta e cólica renal na madrugada de quinta. Brutal! Mal posso esperar por sexta... O mais engraçado nisto tudo é que a doença vai e vem no espaço de 12 horas e, em todas elas, assume que vai sempre morrer.
Chega-se ao cúmulo do grito de pânico "ahhhhh, vou morrer, sinto o frio da morte a gelar-me as costas!!!!"; mas não, era apenas o saco de água morna que tinha aquecido (por causa da cólica renal) que entretanto arrefeceu...
Não adianta fazer comentários.
Já pensei em fazer uns filmes disto, à laia de sit-com, e meter no YouTube. Um informático que mora com a avó, sem vida e com a noção que o Inferno não é debaixo da terra mas sim num terceiro andar algures.
Chateia um bocadinho. É ligeiramente desagradável. Ter uma pessoa que se dirige a nós tratando-nos por "animal", "monstro", "besta", "paneleiro" e que pede o mais variado número de merdas no menor espaço de tempo. Água quente, "Animal, vou morreeeeeer", pãozinho, "Animal, vou morreeeeeer", água fria, "Animal, vou morreeeeeer", peixe frito, "Animal, vou morreeeeeer", chá, "Animal, vou morreeeeeer", sopa, "Animal, vou morreeeeeer", pão, "Animal, vou morreeeeeer", janela aberta, "Animal, vou morreeeeeer", água quente, "Animal, vou morreeeeeer", janela fechada, "Animal, vou morreeeeeer", robe, "Animal, vou morreeeeeer", carne assada, "Animal, vou morreeeeeer", afinal era carne grelhada, "Animal, vou morreeeeeer", entretanto o comer está uma merda, "Animal, vou morreeeeeer", o caralho que a foda... anseio pelo dia em que me peça uma marretada nos cornos.
Saudável, é um gajo conformar-se. Pelos meus cálculos, e comprovando a minha teoria, já não faltará tudo.
De acordo com a profecia, tendo ido o meu Avô aos 70, e a minha Mãe aos 50 (notam o delay dos 20 anos?), será expectável que eu me desfaça algures aos 30.
Depois, no Purgatório (mesmo sendo sodomizado por gnomos), hei-de rir, enquanto acaba de se foder toda cá na Terra. Sozinha.

Sem comentários: