21/06/2008

cruzamentos

Não sei se os meus estimados leitores já se depararam com este tipo de situação.
Tipo... estão a ver aqueles cruzamentos em que os semáforos estão avariados, não existe sinalização vertical, os peões andam loucos a atravessar e, para animar ainda mais... estamos em hora de ponta. Apanharam a ideia? Fixe!
Basicamente é aquele caso típico que ensinavam na escolinha de código, em que não existindo sinalização, e havendo quatro carros nas quatro entradas, como cada gajo tem sempre um outro gajo à sua direita, qual deles vai avançar em primeiro...?
É uma crueldade porque o gajo que avançar em primeiro vai deixar o gajo imediatamente à sua esquerda com o sentimento de que é um frouxo... foi o primeiro a ceder.
Acontece que quando o primeiro decide avançar, todos os outros não se querem deixar ficar para trás e avançam também.
Ora, no sentido ético das coisas, o primeiro gajo que avançou (porque o tipo imediatamente à sua esquerda, fraquejou) vai pensar: "Ora bolas... agora seria simpático deixar o gajo à minha direita avançar também"; no sentido de rotação natural das coisas, e sentindo todos o mesmo, acabamos por ter a mesma situação, mas desta feita, mais próximo do centro do cruzamento.
E, entretanto, com a travagem semi-brusca do primeiro gajo a avançar, já dois ou três se espetaram na traseira. Como agora a malta está parada no meio do cruzamento... foda-se... já nada mexe.
Já toparam a reacção da malta que está parada no semáforo e começa a ouvir uma ambulância ao longe...?
Os gajos da frente tomam a iniciativa.
O da esquerda, desvia-se para a esquerda; o da direita, encosta normalmente à direita; o da faixa central, avança a medo pelo cruzamento.
Decisões, decisões...
Toda a faixa da esquerda, à imagem do primeiro, começa a encostar à esquerda; toda a faixa da direita, encosta à direita; a malta do meio, começa a dispersar pelo meio do cruzamento, onde encontram a malta que seguia normalmente o seu percurso.
O irónico no meio disto tudo é que muitas das vezes, já a ambulância seguiu o seu caminho por uma outra rua que se encontrava antes do cruzamento.
Sendo um pato informático, tenho de me considerar uma espécie de padre. Bem, também não abusemos... na minha profissão não há freiras noviças. Talvez um médico... e ignoremos todo e qualquer tipo de trocadilho com enfermeiras.
Um gajo é obrigado a saber muita coisa acerca de muita gente. De tal forma, que ganha uma casca de paciência, prudência e silêncio que nos segue para todo o lado. O ideal é não ter opinião acerca de ninguém. Bom, bom, era nem sequer saber nomes! Cada pessoa seria um IP... e os dados recolhidos seriam atribuídos a um número de série, associado a esse IP.
Era mais fácil.
Os meus ideais éticos e a coerência que acho que devo anexar à minha profissão, fazem-me estar calado. Aliás, é melhor dizer merda que dizer o que não devo.
Por outro lado, obriga a manter um stock algo elevado de gotas (que já estão em falta há um bom tempo) para controlar os nervos. Tratamento psiquiátrico precisa-se.
Às vezes tenho medo de falar durante o sono. Não que ultimamente haja quem ouça... só se for mesmo o Snoopy. Mas dormindo com a janela aberta, e os vizinhos logo ali ao lado... hum... assusta um bocado.
Como informático, a malta espera algo de mim.
É frequente fazerem-me pedidos. Uns mais habituais... outros nem tanto.
Às vezes penso com o meu cérebro pequenino... até tem alguma piada ser requisitado para fazer determinadas cenas; quer dizer que o pessoal acredita nas minhas capacidades. Por outro lado, preocupa-me que partam do princípio que sou efectivamente capaz de fazer essas coisas. Não que não seja, mas o óbvio do sujeito do pedido é assustador.
Eventualmente, neste ponto, nem sequer eu faço a porra de ideia do que estou aqui a escrever. Estou a flipar, simplesmente. O que é agradável.
Quanto aos cruzamentos... de facto, não estou a ver porque comecei a falar nisso. Mas suponho que tenha um mínimo de razão no que referi.
Praia. Ultimamente não me sai da cabeça levar a 'Coisa' à praia. Um daqueles colchões insufláveis, com ela lá deitada em cima... e largado ao sabor das ondas.
Isto do largar, leva-me ao ponto fulcral do problema. Um gajo já tem um pacotinho de bolos no trabalho, para poder sair de casa a correr sem pequeno-almoço. Assim que chega e pega num bolinho, começa o telefone a tocar...
Conclusão: hoje caguei a mesa toda.
Há coisas bem piores ao longo do dia, mas não gosto mesmo nada de andar a lamber o tampo da mesa, o telefone e os teclados para retirar o açúcar em excesso e as migalhas...
E entretanto, já é dia 21. A minha Mãe faria hoje anos. Porreiro. Os meus parabéns.
Até é para admirar como o palhaço do meu progenitor ainda não disse nada. Só se deve lembrar de algumas datas.

Assim, janela e, bem alto... foda-se!

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