27/06/2008

onda zen...

A minha santa avó desenvolve estranhas teorias acerca da sua relação para com o seu neto.
Estava eu ainda no Purgatório, em plena avenida com 40ºC e ela telefonou-me.
"Opaah... estranho!", pensei eu.
A frase que esta santa alminha me dirigiu, após ter arrotado com uma chamada em roaming, foi apenas: "És tu? Ontem faltou a luz... e o relógio ficou a zeros. Que horas são?"
Epa, de facto, posso ser eu o tipo que está enganado. Na minha perspectiva, se telefono a alguém que fez uma viagem (mesmo que pequena), e não se encontra ao pé de mim... bem, o mínimo que posso perguntar como início de conversa será qualquer coisa como "estás bem?".
"São três e meia, 'vó..."
De qualquer forma, ainda fiz o meu último remate, no raiar dos 90 minutos, para ver o que lá vinha...
"E então, está tudo bem contigo?"
"Ahhhh, tenho dooooooores... vou morrer..."
Ok, o habitual... de qualquer forma não me perguntou como eu estava, o que foi um gesto simpático. É sempre bom saber, que para todos os efeitos, posso morrer do lado de lá da fronteira que a única coisa que lhe poderá importar quando a polícia for bater à porta é mesmo só as horas.
Esta conversa surreal, deu azo para que mais tarde o meu colega me perguntasse por que motivo odeio eu tanto a minha avó.
Expliquei que não odiava, pelo contrário... se a odiasse enfiava-a num lar e resolvia o assunto. Daqueles lares que fazem passeios onde há sempre um velhote que morre... podia ser por aí.
Tivémos conversa para uns 40, 45 minutos, eventualmente.
Falou-se da minha avó, da minha Mãe e, logicamente, do merdas do meu pai.
Depois de o deixar bem deprimido, o tipo disse-me para eu esquecer a minha avó... e começámos a cantar o Elevation, deixando espaço para comentários relativos aos U2 e aos mamilos da Angelina Jolie no Tomb Raider.
A piada disto centra-se no facto do meu colega achar que a minha maior preocupação é mesmo a 'Coisa'...
Adiante.
Não durmo. Quando durmo, acordo mais cansado do que o que estava antes de adormecer. Ando estoirado.
Estupidamente, depois de dois dias fora de casa, achei que seria interessante ter o dia de hoje de férias.
Bronco! Foi um excelente pretexto para a 'Coisa' me fazer a vida num Inferno.
Bem, do mal o menos, ainda deu para passar no Vasco da Gama e renovar o meu stock de roupa interior.
Beeeemmm... adoro os boxers da C&A. Não são tão macios como os de renda e cetim que uso às quartas à noite no meu show gay... de qualquer forma, só cubro os jardins suspensos com merdas da Levi's ou da C&A... os da Levi's começam a arranhar, ao fim de um tempo. Estes não.
Como explicava, ando estoirado. Então, hoje, decidi fazer algo que não fazia há uns anos... deitei-me a meio da tarde e tentei ronhar numa doce sesta.
É duro... ao fim de meia hora o fantasma vitoriano que me assombra começa a gritar "Monstro, Moooonstro, venha cá!".
Não que me chateie muito a cena do 'Monstro', simplesmente esta cabra tem o hábito de fazer estas merdas quando eu estou prestes a entrar no Universo do João Pestana. Invariavelmente, ou caio da cama abaixo, ou mando uma marretada com os cornos na merda do estúdio.
Fiz uma sopa de espinafres antes de ir para fora. Isto já a prevenir que ela não quisesse fazer de comer.
Hoje, veio chamar-me demónio e acusar-me de que a tinha feito passar fome. O frigorífico está bem mais vazio agora que há dois dias atrás... mas ela passou fome. E depois é a cena de que a sopa de espinafres tem couve... ya, é isso, os espinafres são couve.
Então, fez-me sair do Mundo da Sesta para lhe ir comprar uma Canja de Galinha instantânea...
Já nem sei para que me dou ao trabalho de comprar os legumes, descascar a abóbora, batatas, cebolas, triturar tudo e cozer a merda dos espinafres... Esta mula quer sopas instantâneas...!
O gajo do restaurante deve querer estar a dar comigo em doido.
"18 pessoas? De certeza que são 18 pessoas? É que é importante que sejam 18 pessoas...!"
Depois de ter confirmado (três vezes) que eram 18 pessoas, ia já a sair quando ele me chama...
"Ó amigo... por acaso amanhã alguém vai querer sardinhas assadas?"
"Epa... não sei... é possível..."
"Então faça-me um favor. Confirme-me isso e dê uma apitadela logo à noite para saber se meto as sardinhas na montra ou não..."
Pelo amor de Deus!!!!! É um almoço de aniversário... com 18 pessoas!!!! Não é um copo de água!!
Agora ando a mandar emails e sms's à malta para perguntar se estão a pensar em comer sardinhas...
A minha avó entende que a minha hierarquia de prioridades deveria colocá-la no topo. Ou, pelo menos, colocá-la acima do trabalho.
Eu não deveria procurar progredir numa carreira, mas sim ser o enfermeiro de serviço.
Pode parecer um bocado cruél... mas de facto, ela não parece compreender.
A minha ideia baseia-se em trabalhar e encher a poupança o mais que puder para poder casar e sustentar uma família. Para poder comprar aquela casinha de dois pisos fora da cidade (com o alpendre em madeira do Brasil nas traseiras) e ter os meus três filhos (que já agora, serão um casalinho de gémeos e mais uma miúda) a saltar em cima da barriguita do Pai, no jardim. Ela não parece perceber que não está exactamente incluída nestes planos.
Tipo... a ideia de casar e ter filhos é poder fazer alguém feliz. A felicidade não passa por ter um fantasma vitoriano a fazer a vida num Inferno à malta. Isso é karma meu.
Vim para a informática a pensar que podeia trabalhar a vida como trabalho um computador. Ainda não descobri como desligar e voltar a ligar.
Merda.

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