25/06/2008

outgoing

Quando os meus estimados leitores lerem estas linhas, já eu estarei para lá de meio caminho do meu destino de viagem.
Afinal, o agendamento da merda dos posts sempre serve para alguma coisa.
Devo estar algures a chegar a Madrid, também vulgarmente denominado por "raio que me parta".
Tendo em conta que eu e um colega do trabalho estamos a fazer a viagem de carro, vamos acreditar que a esta hora não estou a ser violentamente sodomizado na berma da estrada por um qualquer camionista chamado Armandão!
Felizmente trouxe o cremezinho de noz-moscada...
Adoro estas viagens de trabalho. Tanta merda para fazer na sede e vou fazer de ama-seca a um grupo de cromos que nem sequer falam inglês... e cujo português se assemelha bastante a uma espécie de dialecto indígena.
Ao menos desta vez não fico sozinho num quarto de hotel. Sempre dá para a malta falar um bocado. Da última vez não preguei olho.
A merda do quarto era assustadoramente sinistro e só me lembrava daquelas cenas da série Sobrenatural. Ainda consegui escrever uns emails para enviar no dia seguinte, mas depois de apagar a luz a insónia chegou (note-se que 'insónia' não era o nome da recepcionista do hotel).
É que em casa um gajo tem insónias, mas ao menos tem televisão semi-normal e internet... não foi o caso. Então abri o portátil e desatei a escrever em offline, enquanto os gnomos saltavam nas almofadas.
Assusta-me um bocado pensar que se nos espetamos na auto-estrada e caímos a um ribeiro, só deverão dar pela nossa falta daqui a uns dias (se derem...); e se desaparecermos, bem... eu não queria mesmo ir para a vala comum. Ainda para mais em Espanha.
Sou alérgico a essa terra... nem a terra me haveria de comer.
Iria acabar semi-decomposto, fossilizado nos meus próprios ácidos. Que merda.
Tipo, tirei dois dias de férias do Inferno e vim parar ao Purgatório.
Vou tentar controlar o meu humor de merda para não deprimir o meu colega. Senão gajo passa-se e ainda nos mata.
Arranjar umas piadas maradas para a viagem e evitar o meu riso-ronco. Isso deve bastar.
De resto, basta-me inventar umas graças à pressão metendo espanholas e javardice para que isto funcione.
Amanhã, por esta hora, estarei a sair do Purgatório, regressando ao Inferno. Deve ser uma viagem bem mais fácil, pois já o poeta afirmava ser fácil descer aos infernos.
De Espanha até ao Fundo do Poço é sempre a descer. É fácil seguir o caminho.

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