12/06/2008

invariedades

Secção I, cap. 3

O pessoal acha que é fácil, a vidinha.
Vou tentar ser o mais explícito possível.
É uma puta de vida e só dá mesmo vontade de arranjar forma de espalhar os miolos pelos quatro cantos do quarto.
Moro com uma cabra. Já toda a gente sabe.
Normalmente as cabras são animais simpáticos que fazem 'béeeee' e andam por aí a pastar. A minha tem apenas duas patas e acha-se o animal mais infeliz do mundo; sofre do desgosto universal de ter perdido a filha e, porque a ter de escolher, teria sido preferível morrer o neto, faz-lhe a vida num inferno.
Hoje temos novos desenvolvimentos na novela que a malta vai acompanhando.
A 'Coisa' meteu nos cornos que tem de esperar que eu chegue a casa para comer. Então, jejua o dia inteiro... como eu não tenho vida para vir almoçar a casa, arranjar o almoço e voltar para o trabalho.. que se lixe, ela que faça como entender.
O problema é o que este animal exige. Jantar com amigos implica a passagem por casa para arranjar jantar; viagens de trabalho exigem a preparação de no mínimo duas refeições para que se possa alimentar... de qualquer forma, o comer que arranjo é também sempre considerado uma merda e possível forma de envenenamento, pelo que vamos sempre ao mesmo.
Há algumas horas, esta avantesma, que mais se assemelha a um fantasma vitoriano, decidiu ir buscar um martelo que tenho guardado na dispensa. Não me perguntem como tem ela força para agarrar no martelo... deve ser a maldade. A promessa da 'Coisa' é rebentar-me o computador durante a noite ou quando estiver no trabalho.
E, de facto, é algo que não duvido, pois já me fez o mesmo com os CDs que tinha na secretária... tudo fodido e as caixas partidas.
Assim, ao terminar a publicação de hoje, ainda vou ter de tirar a merda do monitor daqui e colocá-lo em lugar seguro, não vá a cabeça dela dar o pifo; vou acreditar que a caixa dos componentes se aguenta e o portátil continuará a andar às minhas costas... e garanto que quase 6Kg na merda da mochila fodem os costados todos a um gajo.
Não sou um tipo violento e não é nesta altura do campeonato que tenho coragem de deixar a velha sozinha aqui em casa... aí sim, não durava uma semana; contudo, hoje estou a ficar com alguma vontade de lhe espetar com qualquer coisa no focinho.
Aliás, é vontade que tenho há já algum tempo. Se há coisa que me faz passar é quando ela ousa ofender as pessoas que maior importância têm para mim... é preciso contar até 50 e respirar várias vezes fundo para não lhe arrancar a dentadura à estalada sempre que ouço uma pérola a respeito.
Já não durmo um caralho e agora ainda tenho de fazer turnos a solo para vigiar o equipamento que tenho no quarto. Custa a ganhar, custa a comprar, custa ver destruído. Se decidir implementar estas ideias manhosas e destruir-me alguma coisa ainda acaba é a apodrecer num lar...

Secção IX, cap. 1

Voltei do trabalho um pouco mais cedo.
A ideia seria conseguir estacionar antes de acabar o jogo da Selecção.
Enganei-me. Ruas cortadas, carros parados em tudo quanto era sítio... acabei por ter de deixar o carro a quilómetros de casa.
Saio do carro, tiro o material da bagageira e, como habitualmente, coloco os headphones e ligo o leitor de mp3.
Um gajo só não quer ser chateado.
A vida é um poço de merda... custa muito deixarem um gajo ouvir o seu mp3???
Uma jovem a sair do prédio em frente decidiu meter conversa comigo.
Deve ter pensado: "Olha, um gajo de trombas a ouvir mp3... vou chateá-lo um bocado".
É que nunca a vi mais gorda!!!! Mas obrigou-me a ficar ali uns bons cinco minutos a discutir um jogo que nem sequer tinha visto.
"Foda-se... mas ela não se vai calar e deixar-me ir embora?"
Ironicamente, com quem quero falar, não posso... e estas idiotas abordam-me na rua para falar da Selecção.
De qualquer forma, tentei ser minimamente simpático e tentar mostrar-me interessado pelo assunto. É que ignorar os outros também os magoa... e não gosto particularmente de ferir as pessoas. E quando o faço, tento corrigi-lo... se me deixarem (o que ultimamente não tem acontecido).

Secção LV, cap. 12

Quando ando indisposto, tenho vontade de enfiar o mundo debaixo dos meus pés cabeludos e esmagá-lo.
Como tal não é possível, arranjo formas de foder a malta.
Hoje, e na minha capacidade inventiva de técnico de informática, arranjei mais uma merda que me vai fazer ser odiado por quase toda a empresa onde trabalho.
É a minha resolução de Ano Novo. Até o ano acabar, conseguir que toda a malta que me rodeia, me odeie mortalmente.

Vizinhos - ok
Pessoa Especial - ok
Colegas de Trabalho - ok
Família - ok
Amigos - pendente

Deu algum gozo, pois claro.
Com sorte, alguma das pessoas da lista arranja forma de conduzir um autocarro até ao fim do ano e 'limpar-me'...



(detalhes finais: o monitor está debaixo da cama e o rato óptico dentro da primeira gaveta da secretária... só para não me esquecer; agora vou desligar o portátil e deitar-me de barriga para cima e de olhos bem abertos - hoje, vou passar as primeiras horas de insónia a explorar o quadrante NE, sector 18'' do tecto do quarto)

Como não posso gritar em casa, no trabalho seria estranho e na rua internado... cá vai:
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!
FODA-SE!!!!!!!!!!!!!!

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