Cada vez dou mais razão à minha santa avó.
Não devia ter sido a minha Mãe, devia ter sido eu.
De facto, era de esperar que isto acontecesse.
Como ontem decidi ir fazer o meu almoço de aniversário com amigos, hoje a menina está aborrecida.
Como a menina anda aborrecida, decidiu que seria um belo dia para me foder os cornos.
Como o dia é óptimo para me foder os cornos, a festa começou à hora de almoço, afirmando que o comer estava uma vez mais uma merda, culminando no despejar de um recipiente com água em cima de mim e do portátil.
A questão mais importante no meio disto tudo é o facto do portátil até ser de gama empresarial e, miraculosamente, ter sobrevivido ao ataque.
Efectivamente, devo ter feito uma merda mesmo foleira numa vida passada.
O curioso nisto tudo, é que sou eu que pago as contas e a sustento, pois não é a merda de reforma dela que a leva a algum lado. O curioso nisto tudo é que esta cabra brada aos Céus que não precisa de mim para nada. O curioso nisto tudo é o facto de me ter convidado a sair de casa por uma série de vezes. O curioso nisto tudo é eu andar cada vez com mais vontade de pegar nas minhas merdas, arranjar casa e deixá-la a apodrecer. Quando morrer, lá me avisarão para fazer o funeral.
Convenço-me seriamente que deveria ser eu a estar sossegado no pote de cinzas em cima da televisão.
A bem dizer, não há nenhum feito fantástico do qual me possa orgulhar; não há nenhum feito fantástico de que se possam orgulhar de mim; não há nada que me faça acordar de manhã e sonhar com um dia de Sol.
O Brian cantava na cruz... "always look to the bright side of life..."
Para isso era preciso um gajo achar que a vida teria efectivamente algo de bom.
Há malta pior que eu? Na boa... não sou tão egoísta que ache que tenho direito à merda toda só para mim.
Reservo-me no direito de considerar que tenho uma puta de vida. Reservo-me no direito a acreditar que as coisas não melhoram. Reservo-me no direito de achar que deveria ser eu a ter-me ficado na maca da Urgência naquela noite. Reservo-me no direito a achar que moro com uma puta que só merecia era levar lambadas na tromba até atinar de vez.
Depois fica com o sorrisinho inocente de velhinha amorosa, enquanto diz "chama a assistente social, chama... eu sou uma pessoa doente e tu é que és um malandro"
A vida tem duas metades: o lado bom e o lado mau.
Há uma parte da população que vive no equilibrio; há uma pequena minoria cujas metades da vida são todas boas.
Eu pertenço ao grupo da malta em que a vida não tem metade boa.
Bem-vindos ao Inferno cá na Terra.
4 comentários:
Calma!
"Calma!"... Engraçados...
Eu sei que te estás nas tintas, mas... garanto-te, a menos que o Mundo esteja à beira do caos - o que é bem provável -, existe uma verdade incontornável: o tempo apaga tudo. Por isso, sendo tu um pato jovem a quem se antevê uma vida longa e auspiciosa, haverá um dia em que vais conseguir olhar para trás e pensar que todas as chatices e problemas que hoje te perseguem fazem parte de um passado longínquo e meio perdido nas tuas memórias. E verás que, a menos que te tenhas casado entretanto, afinal sempre te estavam reservadas algumas coisas boas.
Afonso, não conto durar até aos 100 anos, pelo que já vivi mais de 1 quarto da minha vida... 25% é buéeeeee; sei que és um tipo com esperança nos restantes 75% (não fosses tu o pato branco), mas eu não sou assim tão optimista...
O Mundo não está à beira do caos - se assim fosse era fácil; o Mundo encontra-se periclitante à beira do Abismo - isso é que é preocupante - e lá no fundo estão os seres dos outros mundos e universos à espera para se banquetear com a minha ossada.
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