29/06/2008

a vida de merda

Cada vez dou mais razão à minha santa avó.
Não devia ter sido a minha Mãe, devia ter sido eu.
De facto, era de esperar que isto acontecesse.
Como ontem decidi ir fazer o meu almoço de aniversário com amigos, hoje a menina está aborrecida.
Como a menina anda aborrecida, decidiu que seria um belo dia para me foder os cornos.
Como o dia é óptimo para me foder os cornos, a festa começou à hora de almoço, afirmando que o comer estava uma vez mais uma merda, culminando no despejar de um recipiente com água em cima de mim e do portátil.
A questão mais importante no meio disto tudo é o facto do portátil até ser de gama empresarial e, miraculosamente, ter sobrevivido ao ataque.
Efectivamente, devo ter feito uma merda mesmo foleira numa vida passada.
O curioso nisto tudo, é que sou eu que pago as contas e a sustento, pois não é a merda de reforma dela que a leva a algum lado. O curioso nisto tudo é que esta cabra brada aos Céus que não precisa de mim para nada. O curioso nisto tudo é o facto de me ter convidado a sair de casa por uma série de vezes. O curioso nisto tudo é eu andar cada vez com mais vontade de pegar nas minhas merdas, arranjar casa e deixá-la a apodrecer. Quando morrer, lá me avisarão para fazer o funeral.
Convenço-me seriamente que deveria ser eu a estar sossegado no pote de cinzas em cima da televisão.
A bem dizer, não há nenhum feito fantástico do qual me possa orgulhar; não há nenhum feito fantástico de que se possam orgulhar de mim; não há nada que me faça acordar de manhã e sonhar com um dia de Sol.
O Brian cantava na cruz... "always look to the bright side of life..."
Para isso era preciso um gajo achar que a vida teria efectivamente algo de bom.
Há malta pior que eu? Na boa... não sou tão egoísta que ache que tenho direito à merda toda só para mim.
Reservo-me no direito de considerar que tenho uma puta de vida. Reservo-me no direito a acreditar que as coisas não melhoram. Reservo-me no direito de achar que deveria ser eu a ter-me ficado na maca da Urgência naquela noite. Reservo-me no direito a achar que moro com uma puta que só merecia era levar lambadas na tromba até atinar de vez.
Depois fica com o sorrisinho inocente de velhinha amorosa, enquanto diz "chama a assistente social, chama... eu sou uma pessoa doente e tu é que és um malandro"
A vida tem duas metades: o lado bom e o lado mau.
Há uma parte da população que vive no equilibrio; há uma pequena minoria cujas metades da vida são todas boas.
Eu pertenço ao grupo da malta em que a vida não tem metade boa.
Bem-vindos ao Inferno cá na Terra.

4 comentários:

Anónimo disse...

Calma!

Pato Marques disse...

"Calma!"... Engraçados...

RN disse...

Eu sei que te estás nas tintas, mas... garanto-te, a menos que o Mundo esteja à beira do caos - o que é bem provável -, existe uma verdade incontornável: o tempo apaga tudo. Por isso, sendo tu um pato jovem a quem se antevê uma vida longa e auspiciosa, haverá um dia em que vais conseguir olhar para trás e pensar que todas as chatices e problemas que hoje te perseguem fazem parte de um passado longínquo e meio perdido nas tuas memórias. E verás que, a menos que te tenhas casado entretanto, afinal sempre te estavam reservadas algumas coisas boas.

Pato Marques disse...

Afonso, não conto durar até aos 100 anos, pelo que já vivi mais de 1 quarto da minha vida... 25% é buéeeeee; sei que és um tipo com esperança nos restantes 75% (não fosses tu o pato branco), mas eu não sou assim tão optimista...
O Mundo não está à beira do caos - se assim fosse era fácil; o Mundo encontra-se periclitante à beira do Abismo - isso é que é preocupante - e lá no fundo estão os seres dos outros mundos e universos à espera para se banquetear com a minha ossada.