18/06/2008

o tempo

Belo tema para esta hora da noite.
É algo extenso mas anda-me atravessado na traqueia desde a hora do almoço.
É que o próprio post é paradoxal, visto que são 00:11 da manhã e enquanto escrevo penso no tempo que vou demorar a concluir o universo de disparates que sairão projectados da minha imunda pessoa durante este bocado.
Bem, falava-se então ao almoço - fruto, decerto, das imperiais ou do óleo de alho que embebia a carne... - da problemática do tempo.
A definição de tempo é só por si complexa, visto que não se consegue utilizar um conceito universal e standard para a sua execução. Por exemplo, se o tempo que demora a passar um minuto depende de que lado da porta da casa de banho nos encontramos, isto só sugere que a relatividade temporal é, obviamente, relativa.
Mas a questão é ainda mais assustadora se pensarmos em tempo como 'momento'.
É que definindo o tempo desta forma, separamos esta merda em passado, presente e futuro.
Acontece que enquanto defino 'presente', ao acabar de escrever a palavra, já o meu tempo 'presente' foi projectado para o 'passado'; ou, se preferirmos, encontro-me já no futuro.
Isto é uma grande merda porque, na prática, o presente não é algo que se consiga definir. Por muito pequena que seja a unidade escolhida, sempre que tentamos definir 'presente', já esse é 'passado'.
Ok... é então lógico pensar que o 'presente' não é mais que uma indefinição que ocorre no momento imediatamente a seguir ao passado, antes do acontecimento futuro.
Isto resolve a maior parte das dúvidas existenciais, visto que consideramos desta forma que o 'presente' não passa de uma anomalia programática no universo da nossa existência.
Mas vamos supor agora (os meus professores de física vão odiar-me...) que conseguimos viajar à velocidade da Luz. Se conseguirmos viajar à velocidade da Luz no sentido contrário ao movimento de rotação da Terra, na prática, estamos a viajar para o passado.
Paradoxal é ainda o facto de que se nos acontecer alguma coisa no passado com o sujeito presente, a vida futura ficaria condicionada pela acção do presente que, existiria no passado (eu cheira-me... que tenho de começar a cortar na imperial e sangrias ao almoço...).
Na lógica de um dos interessados no assunto, se tivermos dois comboios a viajar em sentidos opostos, à mesma velocidade, e começarmos a correr no sentido inverso ao do movimento dentro de um deles, conseguindo aproximar-nos da velocidade da Luz, se conseguirmos laçar um gancho ao comboio do lado, viajaríamos para o passado (ou, na minha humilde opinião, às Urgências mais próximas).
Há também por aí um gajo que anda a montar uma máquina para viajar no tempo (a sério, não é piada); só que segundo a sua teoria, ele não faz porra de ideia de como a sua teoria funciona. A ideia dele é ligar a máquina e, quando isso acontecer, o seu 'Eu' no futuro enviar-lhe-á a informação necessária para que ele, no presente, saiba como chegar ao passado.
Giro... na volta o gajo liga aquela merda e todo o Universo é sugado para um poço de anti-matéria... Opção deveras interessante, porque me leva a perguntar por que raio ando eu a escrever para aqui merdas que irão ser aniquiladas juntamente comigo.
Temos ainda um outro tipo que faz uma demonstração da possibilidade da viagem no tempo com uma pizza. Na realidade, faz algum sentido, porque me cheira mesmo que não passamos de uma azeitona numa pizza, pronta a ser trincada por um qualquer ser num Universo paralelo ao nosso.
Mas o que me preocupa, é que se o tempo tem uma intemporalidade relativa, então como posso eu assumir que estou atrasado? Ou adiantado? O que gera o tempo, afnal?
Outra... se em Espanha é mais uma hora que em Portugal, quando viajo de Madrid para Lisboa, estou efectivamente a viajar no tempo. Ou, pelo menos, a manter-me no mesmo espaço temporal do meu universo (como referi, a malta de física vai odiar-me...).
Um ano, um mês, uma semana... poderá uma destas unidades de tempo ter significados diferentes para várias pessoas? Claro que sim! Um ano pode ser para alguns uma eternidade; para outros, serão 12 meses a saltar em conta-relógio. Então, tendo a mesma unidade de tempo sentidos diferentes, validamos as teorias de merda todas porque o tempo não é coerente... não existindo uniformização, está tudo fodido.
Em que vamos acreditar???? No Tempo?????????
O Tempo não consegue gerar-se a ele mesmo... assim sendo, como podemos confiar nele?
Na prática, o tempo dá merda em formato teórico.

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