01/10/2008

cenas da catequese

A minha Mãe passou anos a tentar convencer-me a ir para a catequese.
A família sempre foi católica, mas eu era um gajo que fazia perguntas demais para ser inteiramente dedicado à Fé.
Mas tinha pena. A minha Mãe fazia tanto e esforçava-se tanto por mim que, o mínimo que eu poderia dar era mesmo fazer-lhe a vontade.
Carregado de dúvidas e de certezas, lá rumei eu durante sábados a fio para a Igreja da Graça. Havia uma pequena porta atrás de um dos santos que nos levava para uma pequena sala onde tínhamos as ditas aulas.
Era uma coisa semi-tortuosa porque ainda íamos assistir à missa. O padre, italiano, era um gajo porreiro e conseguia manter a malta minimamente acordada. Ok, conseguia manter-me acordado, visto que parecia ser o único que não tinha despertado para os prazeres da Fé.
Lembro-me que tinha uma colega que dizia para a senhora que nos dava as aulas: "sabe, todas as noites agarro na minha Bíblia e abro uma página aleatória... e encontro sempre uma história mais linda que a outra"
Eu não sei, mas sempre pensei que a gaja era completamente passada. Ou queria levar com o nabo ou então era doida. Eu só dizia para com os meus botões... "foda-se... filha, deves andar é a fumar o livro..."
E depois o Padre veio convidar-me para ser acólito... e eu disse-lhe que não podia porque era um puto ocupado. E ele perguntou-me o motivo e eu disse-lhe que precisava de melhorar as minhas capacidades no jogo online.
"Mas filho, o Senhor chama-te...";
"Senhor Padre... a comunidade online também me chama".
Creio que não preciso de dizer que o Senhor Padre me ia matando...
E depois a Primeira Comunhão exigia que passasse uns cinco anos na catequese... mas quando me decidi a fazer a vontade à minha Mãe, já era velho demais; então, fiz apenas um ano de catequese.
No dia da Primeira Comunhão, mandaram-me fazer uma leitura... quando voltei ao banco de madeira, uma gaja ao meu lado vira-se no meio da missa e começa a falar compulsivamente acerca do meu pequeno momento na Igreja da Graça. Foda-se, a rapariga não se calava... parecia uma cena do American Pie.
A senhora que nos dava as aulas tinha uma loja de sapatos na Graça.
O que me levou a tornar-me mais católico foi o momento em que vi as ajudantes da senhora... na altura, eram moças para uns vinte e poucos aninhos, bem guarnecidas e atadas, como as alheiras. Uma era loura, a outra morena.
Com tanta santidade, sempre parti do princípio que eram virgens, mas na verdade tinham aspecto de ser duas grandes doidas. Como aquela do American Pie, que fazia a festa toda com a flauta...
Desde essa altura que prometi a mim mesmo que não me metia noutra.
Por outro lado, fiquei para sempre seriamente afectado com freiras. E fardas.

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