05/10/2008

mudanças

De repente, pergunto-me se uma qualquer alteração mental fez o meu pai começar a ler o blog.
Yah, ao fim de meses fala comigo como se viesse em minha salvação.
"Quero que saibas que não estás sozinho"
Epah, vamos ver uma cena... há muito tempo mesmo que me habituei a estar sozinho. Cada vez mais, e apesar de rodeado de amigos, percebo que estou sozinho. É uma solidão controlada e que apenas eu percebo. Apenas um gajo sozinho escreve para quatro ou cinco blogs a meio da noite e ainda arranja tempo para inventar cenas no computador.
Apesar de um bocado farto, não preciso de semi-sermões reconfortantes. Um gajo apercebe-se quando está enfiado na merda... era preciso ser mesmo muito estúpido e não ter olfacto para precisar que o meu pai mo dissesse.
Agora é suposto ir conhecer a família do lado dele.
Uma vez, um tio meu, do lado da família da minha Mãe, convidou-me para um casamento. Exibiu o boneco, que ainda estava no primeiro ano de engenharia, apresentando-o como o sobrinho promissor. Conheci mais gente em quatro horas que em dez anos. Não conheci ninguém de jeito, mas conheci mesmo muita gente.
Depois do casamento, percebi que o gajo não tinha era nenhum parente para apresentar e, para não fazer figura de urso relativamente aos compadres, arranjou o melhor (ou pior) acompanhante que podia encontrar à pressa. Acho fascinante como as pessoas nos usam enquanto precisam de nós. Depois é só dar um pontapé no rabo e deixarem-nos à porta.
O meu tio-avô nunca mais me telefonou. Nunca mais o vi. Já lá vão cinco anos.
Agora receio que o meu único progenitor vivo queira fazer o mesmo.
A sério. Prefiro passar um Natal sozinho que enfiado em exibições familiares.
Um gajo farta-se destas merdas. Um dia destes visito a minha 'família'. Um dia destes.
Vou fazer de parvo durante mais um dia da minha vida.
Conheço a malta, apresentam-me como o filho licenciado e venho-me embora.
Adoro os computadores por isso mesmo.
Tratamos deles e eles devolvem-nos o gesto.
Sabemos sempre com o que podemos contar.
Os seres-humanos são uma espécie que nos desilude e dá vómitos.
Aguardamos ansiosamente o próximo pontapé na peida.
Não percam o próximo episódio porque eu, também não.

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