16/10/2008

mas qual papel?

Eu tenho o meu mundo pequeno e seguro, e gosto dele.
Chamam-me tarado mas, gosto de ter uma representação simbólica do que sou; gosto de manter o meu universo, gosto de o levar para todo o lado.
Tenho um papelinho ou melhor, um pedacinho pequeno de um papelinho, que anda sempre comigo na carteira.
Sempre que estou prestes a passar-me completamente, sento-me, tiro o pedacinho de papel da carteira e olho um pouco para ele. Aquela merda representa o meu lugar no universo.
Há que haver uma simbiose entre a minha pessoa e o universo.
O universo precisa da minha matéria viva e eu preciso do universo para viver; sento-me, olho para o cabrão do papel e encontro novamente o meu lugar no mundo.
É o meu canto, o meu lugar especial, o sítio mais calmo do mundo e, acima de tudo, é meu.
Gosto do meu papel branco e empoeirado, fruto de horas na zona mais tesa da carteira.
O meu pequeno espaço, o meu pequeno mundo.
Estupidamente, rasga-se tão facilmente que, todos os meses tenho de arranjar mais um papelinho de substituição. Ainda não percebi bem, mas dá-me a leve sensação que, de mês para mês, o papel fica cada vez mais pequeno.

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