13/10/2008

fun, friends, chemistry...

Tinha um amigo porreiro na primária.
Acompanhou-me durante nove anos, nos bons e maus momentos.
O Hermenegildo (chamemos-lhe assim), foi o meu primeiro colega de secretária.
Fomos o típico dueto de cromos.
Todos as escolas, têm sempre um par de gajos que leva nos cornos.
Normalmente é o puto irritante das boas notas e o amigo que, também invariavelmente, é o tipo mais bronco. A sério, eu adorava o Hermenegildo, mas o gajo era mesmo cromo.
Uma vez, já mais tarde, referiu numa aula de matemática que os ângulos podiam ser Agudos, Graves e Esdrúxulos... ao que o professor achou por bem responder:
- Hermenegildo, às vezes és mesmo obtuso...
Bom, não estou aqui a dizer que o gajo era um estúpido de merda, o que faria de mim um nerd arrogante... mas o Hermenegildo tinha mesmo os seus momentos de brilhante estupidez, como da vez que meteu as cábulas dentro das cuecas, levantou-se a meio do teste e deixou cair aquela merda toda...
Até porque também tive os meus grandes momentos de ignorância, como na quarta classe, em que respondi num teste que um dos grandes centros comerciais e agrícolas do país era o Jumbo...
Mas, de facto, o gajo foi mesmo um tipo impecável. E, se calhar, não lhe dei a devida atenção na altura... Ainda para mais, fomos fósseis numa época em que ainda não era vulgar a globalização dos telemóveis, pelo que quando queríamos falar um com o outro (morávamos longe, só falávamos na escola) quase que tínhamos de telegrafar ou mandar um pombo-correio.
Até ao nono ano andámos juntos. Bom, juntos de uma forma não-gay... embora o gajo falasse falasse mas nunca o tivesse visto com uma rapariga.
Mas, na realidade, até ao secundário sempre fomos os gajos que ninguém queria, nem que fosse para passear ou ir ao cinema. Que se lixe, na realidade...
No décimo ano, ainda andou uns meses comigo... antes de mudar de ramo de estudo e ir para outra turma, outra escola, e deixar de dar notícias. Ainda o tentei procurar, mas nada...
De qualquer forma, nos primeiros meses do secundário, tivemos uma professora excelente de físico-química (FQ).
A bem dizer, nunca percebi se era uma boa professora ou uma professora boa...
Tinha coisa de vinte e tal aninhos, mesmo na onda de estagiária e vestia sempre umas saias tipo colegial.
Não explicava mal mas exigia que tivéssemos o dobro do trabalho em casa, porque passávamos as aulas a ver quando a tetaria saltava toda cá para fora... ainda me lembro do nome dela :P infelizmente, não posso dizer o mesmo do email, lol.
Um dia, o meu bom amigo Hermenegildo, que estava sentado ao meu lado numa aula de FQ, decide tirar o nabo para fora das calças e começar a podar o arvoredo... quando me apercebi, já o gajo estava prestes a cagar aquela merda toda. Fui apenas capaz de dizer - infelizmente, um pouco alto - "Foda-se, mete-me essa merda para dentro!"
E então a malta olhou toda e, quando perceberam o que o troll andava a fazer, pensavam que eu estava a ajudar e, desde essa altura, o pessoal ficou com a ideia que era rabeta. O passado persegue um gajo...
Mas também não fez grande mal.
Semanas mais tarde, a nossa tutora colegial foi-se embora. A turma designou-me a mim e a um outro bronco para irmos comprar flores.
Chegámos atrasados à aula, com um ramo de flores. Mas a puta de merda marcou-nos falta de atraso. Foi um amor.
Tinha sido bem punida com o taco 32...
Ainda não percebi muito bem qual é a moral do post... afinal, isto tem sempre uma moral qualquer, mesmo que esteja refundida nas profundezas.
Mas que se foda. A colegial desapareceu, o Hermenegildo desapareceu e nem eu sei ao certo se existo.
É o poder.

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